Na pacata cidade de , no Sul do Estado, o delegado de Polícia Civil Ricardo Cavagna é celebridade entre os cerca de 24 mil habitantes do município. Amante de bons pratos, o chefe da unidade policial divide a rotina entre algemas e panelas.

Nascido em Americana, interior de São Paulo, a paixão pela teve início ainda na infância quando Cavagna observava a mãe preparando suculentos pratos nos almoços de família. O mais novo, em uma família com dois filhos, o delegado também buscava no irmão inspiração para desenvolver os dotes culinários.

Aos 11 anos, o garoto já arriscava alguns passos nos churrascos de família e tinha como passatempo ler revistas especializadas em receitas. Quando atingiu a maioridade, Ricardo desbravou novos segmentos e aventurou-se no mundo dos drinks.

A chegada da tecnologia fez com que o acesso às novas experiências gastronômicas ficasse mais viável e, foi em meados de 2008, que o delegado inaugurou um restaurante na cidade natal.

Com o auxílio de um amigo chef de cozinha, o estabelecimento ficou poucos meses de portas abertas, mas o tempo foi suficiente para que o advogado fortalecesse as habilidades com o fogão, temperos e sabores.

“Fiquei aberto pouco tempo, em torno de 3 meses. Meu foco, na época, era ser delegado de polícia.”

A nomeação para o cargo chegou tempos depois, em 2012, quando Ricardo mudou-se para Campo Grande para participar da Academia de Polícia Civil (Acadepol) e assumiu a Delegacia de Ivinhema. De lá pra cá, o dia-a-dia conturbado de uma das profissões mais stressantes do mundo abre espaço para a calmaria que é cozinhar para a família e amigos.

O menu mais pedido entre os 3 filhos do casal é unânime: as suculentas esfirras de carne. Já para a esposa, quem reina na hora da refeição é a costelinha de porco com molho barbecue. E se engana quem pensa que o “delegado chef” usa ingrediente industrializados nas receitas. Ricardo Cavagna garante que as massas e molhos são fabricação própria e o toque especial fica por conta dos temperos cultivados na mini-horta da residência.

“Tem manjericão, cebolinha, salsinha, coentro, alecrim, pimenta… todos os ingredientes eu uso nas minhas receitas”, explica.

Delegado que divide rotina entre algemas e panelas faz sucesso nas redes sociais

O delegado conta que sair da chefia da unidade policial para comandar as panelas em casa é a terapia preferida na hora de liberar endorfina – conhecida como hormônio da felicidade. A realidade do mundo criminal, do homem barbudo e cara de bravo, dá vasão ao amoroso e cozinheiro pai de família.

“O barato é justamente esse, no dia que eu estou mais pilhado é o dia que tenho mais vontade de fazer coisas para desestressar do lado da polícia. Então eu chego, saio da delegacia, vou no supermercado e faço uma receita.”

O legado do amor pela culinária parece estar longe do fim na família Cavagna. Os filhos do delegado trilham os mesmos passos do pai e acompanham a elaboração dos pratos. O mais velho, segundo Ricardo, já entrou na onda e auxilia na cozinha. Já o do meio, além de ajudar durante os churrascos de fim de semana, é um bom degustador de carne.

Os projetos para o futuro ainda são incertos quando chegar a aposentadoria. A única certeza, até o momento, é a inauguração de um restaurante capaz de oferecer pratos produzidos com receitas do “delegado chef.”

“É sem dúvida um projeto e um objetivo de vida”, conclui Cavagna.