Campo Grande tem ópera, romance e muita história batizando ruas da cidade poesia
Passeando por Campo Grande não é difícil encontrar nomes importantes batizando ruas, homenageando celebridades e escrevendo a cada dia um novo capítulo na história desses 119 anos. Barbeiro de Sevilha, Cavaleiro da Rosa, Clemência de Tito e Dom Carlo são algumas óperas famosas que fazem parte do seleto grupo de obras históricas da música erudita. […]
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Passeando por Campo Grande não é difícil encontrar nomes importantes batizando ruas, homenageando celebridades e escrevendo a cada dia um novo capítulo na história desses 119 anos.
Barbeiro de Sevilha, Cavaleiro da Rosa, Clemência de Tito e Dom Carlo são algumas óperas famosas que fazem parte do seleto grupo de obras históricas da música erudita. São nomes populares para quem é amante da ópera. Em Campo Grande essas óperas batizam ruas do bairro Estrela do Sul. Não é à toa que essas obras históricas fazem parte de um bairro com “estrela” no nome. Mas será que os moradores dessas ruas conhecem as histórias por trás dos nomes?
O servente de pedreiro Adriano Monastério de 31 anos, mora na rua Barbeiro de Sevilha há dois anos e sequer conhecia o significado do nome. Mostramos a ele a ópera e quando a palavra “fígaro” foi pronunciada, Adriano reconheceu a canção. “Eu nem imaginava que Barbeiro de Sevilha era essa ópera, mas o fígaro eu já escutei várias vezes em um desenho animado famoso. Confesso que fiquei arrepiado e emocionado ao escutar a ópera, estou me sentindo lisonjeado e até emocionado agora por morar aqui. ”
Mas as óperas não são as únicas estrelas do bairro. Romances modernistas como a do herói sem nenhum caráter “Macunaíma, ” a história de “Ben-Hur, ” que foi um príncipe falsamente acusado de tentativa de assassinato por seu irmão adotivo e até o mais popular “Aladim” que voou em um tapete mágico e fez pedidos ao gênio da lâmpada, são pontas da Estrela que dá nome ao bairro.
A atendente de telemarketing Amanda de Oliveira de 19 anos, mora na rua Aladim e assistiu ao filme quando era criança. “Eu gostava da história e lembro dele voando no tapete. ” Questionada sobre a possibilidade de ter três desejos realizados ela escolheu: “primeiro eu pediria ao gênio da lâmpada um carro, depois um emprego, por último eu pediria muito dinheiro. Sendo assim, será que eu posso refazer o segundo pedido? Já que com dinheiro eu não precisaria trabalhar? ” Comentou.
Em outro ponto da cidade, no Bosque do Avilan, “Doutor Jivago,” que conta a história do jovem russo Iuri Jivago, recrutado para combater na primeira guerra mundial, o seu desinteresse pela pátria e o amor por Lara dá o nome a uma das ruas do bairro. A obra foi proibida na Russia por contestar o posicionamento de Doutor Jivago em relação a questões políticas do país. O autor Boris Pasternak foi forçado a recusar o prêmio Nobel que ganhou.
O comerciante Mauro França Cruz de 47 anos mora na rua Dr. Jivago e conhece a obra. “Já assisti o filme e de alguma maneira me identifico com ele. Eu também estou descontente com a política do nosso país. Acho que tem muita coisa errada acontecendo.” Mauro diz ainda que considera o escritor Boris Pasternak um homem muito corajoso. “Ele correu risco de vida ao defender seu ponto de vista e ideais, tenho orgulho de morar em uma rua cujo nome é de alguém tão corajoso, ” ressalta.
Histórias nacionais também batizam algumas ruas de Campo Grande. No bairro Costa Verde encontramos todo o universo do cartunista Mauricio de Sousa. Cada rua tem o nome de um personagem da Turma da Mônica. O moto entregador Fabiano Oliveira de 40 anos, mora na rua Cascão. “Cresci nesse bairro, muitas pessoas que passam por aqui e pedem informação sobre nome de rua, acham engraçado. Até perguntam se moramos num bairro ou dentro de um gibi.”
Fabiano conta que a rua Cascão tem muito em comum com a personagem. “Eu moro em frente à um terreno abandonado e o local está sujo igual ao Cascão. Todo tipo de animal peçonhento já entrou na minha casa. Essa é a única parte ruim de morar aqui.” O Jornal Midiamax entrou em contato com a proprietária do terreno e ela disse que na próxima semana vai realizar a limpeza. “Agora o cascão deve tomar banho,” afirmou o morador Fabiano Oliveira.
A reportagem do Jornal Midiamax entrou em contato com o cartunista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica. Mauricio ficou surpreso com a homenagem. “Fico muito feliz com essas homenagens aos nossos personagens. Tudo isso nos dá maior vontade de trabalhar pelo estímulo à leitura e alfabetização das crianças do Brasil. Só faltava mesmo essas ruas ficarem no Bairro do Limoeiro!” Destaca. O Bairro do Limoeiro é o local onde se passa a maioria das histórias da Turma da Mônica.
A capital morena completa seus 119 anos no dia 26 de agosto e em cada rua, no rosto de cada morador é possível conhecer um pouco da história de cada um na cidade, que é escrita com alegria ou também com tristeza, sentimentos que compõem cada verso de uma nova poesia.
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