Cordões e desfiles garantem beleza do evento

Aos 60 anos de idade, a professora e costureira Marina Ferreira é só sorrisos, enquanto adiciona linhas e bordados a um vestido longo e especial. A sensação de ver os trajes que ela mesma confeccionou brilhando na Avenida do Samba, conforme ela mesma define, é “que nem quando o time faz gol”. Mas não é qualquer vestido. A costureira é uma das responsáveis pelas fantasias das Pastorinhas, que participam do Carnaval Cultural de , uma festa mais tradicional, respeitando vários rituais que em muitas partes do Brasil parecem ter sido esquecidos.

Este, segundo o coordenador do ILA (Instituto Luiz Albuquerque) e gerente de políticas públicas de cultura José Antônio Garcia, o Tanabi, é um resgate de um Carnaval para a família, para as crianças, com muita fantasia, confete e serpentina e marchinhas tradicionais. Conforme ele explica, as Pastorinhas são mais uma figura desse Carnaval icônico e valorizado desde o começo de sua realização, em 2006. “As Pastorinhas fazem parte do Carnaval, vão fazendo uma coreografia na avenida mostrando sua delicadeza e alegria e brincando. Todo ano renovamos as fantasias. Este ano completamos 100 modelos de vestidos das Pastorinhas. Nós temos as alas, os quatro cordões”, acrescenta Tanabi.

A apresentação do Carnaval Cultural será nesta terça-feira, dia 28 de fevereiro. Apenas no Bloco dos Palhaços, um bloco formado pelo grupo circense Maria Mole, coordenado pela artista Bianca Machado, que irá fechar o dia, são mais de 1 mil pessoas. Na corte tradicional do Carnaval Cultural, segundo Tanabi, estão previstas entre 150 e 400 pessoas.

Entre as pastorinhas que vão desfilar, gerações inteiras se encontram, como as primas Eida Soares, de 55 anos, e Ivone de Souza Gomes, de 68 anos. Segundo elas, seis pessoas de sua família vão sair no Carnaval. “Para mim é uma alegria, chega a ‘doer'”, brinca Ivone. “Nos sentimos felizes de desfilar, de ver as escolas, os blocos, e adoramos sair de Pastorinha no Carnaval Cultural”.

A força dos Cordões

Tanabi revela que os Cordões Carnavalescos estão mais do que vivos em Corumbá. “Somos a única cidade do Estado que ainda preservam os cordões carnavalescos. As Escolas de Samba surgiram a partir dos cordões. Ele tem a ala das tenoras, dos índios, do príncipe, da sua rainha. Ele é aquela representatividade que tinham os senhores da corte que traziam consigo um número de pessoas para servi-los, onde aparece a figura da rainha. É um bloco mais organizado e tem suas figuras tradicionais”, enfatiza. Neste Carnaval serão quatro cordões ao todo: Paraíso dos Foliões, Cinelândia, Flor de Corumbá e Cravo Vermelho.

Para se ter uma ideia da dimensão da história dos cordões, o Flor de Corumbá, mais antigo deles, surgiu em 1933, conforme conta o presidente Jobel Fernandes Silveira, de 40 anos. “O tema do nosso Cordão esse ano é ‘Educação, um grande tesouro’. Reunimos de 100 a 120 pessoas e doamos as fantasias, tudo pelo amor à causa”, diz. Segundo ele, a tradição de presidir o Flor de Corumbá foi passada pelo seu pai e no futuro, ele pretende deixar o legado de liderar o Cordão para sua filha, que desfila como princesa. “Nossa alegria é estar presente e ver nosso Cordão não morrer, vê-lo crescer e continuar”, enaltece.