Jovem de 12 anos cortou as madeixas para doar a criança com câncer

Já tinha um tempo que a jovem Amanda Müller Pereira, de 12 anos, tinha colocado na cabeça a ideia de cortar a cabeleira que deixou crescer por quase dois anos. Só que Amanda não queria simplesmente mudar o visual. Ela queria que as mechas de mais de 30 centímetros fossem doadas a uma instituição para virarem perucas para crianças com câncer. De onde a menina tirou a ideia, nem os pais sabem. Mas apoio não faltou para a empreitada.

“A gente fica orgulhoso, né? Tentamos o tempo todo ensinar a Amanda a ser uma pessoa solidária, sem preconceitos. E quando ela veio com essa ideia a gente nem ficou surpreso. Na verdade, ela estava numa alegria só. Desde o Natal ela estava doida pra cortar logo o cabelo. A gente ligou na AACC, mas eles não estão mais recebendo cabelo. Então fomos num salão particular que preparou as mechas e vamos procurar o Hospital do Câncer para a doação”, conta o pai, Eder Pereira da Silva.

Os pais ainda não têm suspeitas de onde surgia a ideia altruísta de Amanda, pensaram até em uma prima de Amanda, atualmente com 19 anos, que venceu a leucemia aos 5. “Mas ela não era nem nascida, daí a gente não sabe. Tem coisas que vem da pessoa, né?”, aposta a mãe, Elena Müller Pereira.

Resolvemos perguntar a própria Amanda, que notamos saber falar muito bem sobre ela própria. A resposta, claro, foi surpreendente. “Resolvi fazer isso porque queria fazer uma criança feliz”, disse a jovem, que está na 7ª série, adora desenhar e quer ser arquiteta.

“Sugeriram até que eu vendesse, mas eu não quis. Queria doar, mesmo. Não tive medo algum, fique mesmo foi ansiosa e muito feliz quando cortei. Quem sabe as outras crianças têm a mesma atitude e a gente consegue fazer muitas perucas, né?”, aponta.

Por ter cortado no período de férias escolares, Amanda não conseguiu mostrar o novo visual às amigas. “Mas uma amiguinha dela da rua, a Júlia, também cortou e vamos entregar as mechas juntas”, explica Elena.

Os pais, a propósito, estão uma alegria só. “Quando que eu ia pensar que uma criança iria deixar o cabelo crescer para depois cortar, mas não pra ganhar dinheiro, mas pra ajudar uma outra pessoa. A gente ensina, tenta passar o melhor do ser humano. Ensina a respeitar o próximo, os idoso, a não ter preconceitos e por aí vai. Mas não tem nenhuma garantia de que eles vão aprender ou ver valor nisso. Estamos orgulhosos”, diz Eder.

No dia do corte e já com novo visual (Arquivo Pessoal)

 

“Boas ações geram boas ações. Aprender isso desde pequeno é muito importante. E ela está numa alegria, como se tivesse ganho um megaprêmio. É a mesma sensação que eu tive quando doei sangue. Você faz uma boa ação, mas é como se a gente é que fosse beneficiado”, conclui Elena.