Ney Matogrosso fala sobre pertencimento pantaneiro: ‘Foi como um relâmpago’

Artista foi entrevistado por outros nomes 

Em um especial cultural para o Estadão, o cantor Ney Matogrosso – grande ícone da música popular brasileira, e com um vínculo especial com Mato Grosso do Sul – respondeu uma série de perguntas de artistas de porte magnânimo como ele, como Lenine, Zélia Duncan, Maria Bethânia, João Bosco, e outros. Entre os “entrevistadores” estava sua conterrânea Alzira Espíndola, ou Alzira E., como ela tem se identificado em seu trabalho artístico nos últimos anos. 

Alzira fez um questionamento relacionado às composições que entram no repertório dos shows de Ney. “Entre tantas composições para a escolha de um repertório, tem algum momento decisivo, seja na interpretação ou na linguagem do arranjo ou no assunto, que interfira na sua escolha para cada música?”, perguntou. Ney disse que faz parte de um processo. “É o assunto. A minha percepção é como um texto, como se fosse um texto que estou dizendo. As pessoas me oferecem (as músicas) e o que determina se vou cantar ou não é o assunto”, afirmou. 

Em sua resposta, Ney relembrou um momento em que sentiu um certo pertencimento a Mato Grosso do Sul, como um “relâmpago”, como descreveu o artista. “Não fui criado lá (em MS), vim muito novo para o Rio. Eu não achava que houvesse essa influência. Sou Matogrosso, porque é o sobrenome do meu pai (…). Até que fui fazer um show em Corumbá, que reunia arte da América Latina toda, e aí tive uma coisa muito interessante: subitamente um relâmpago abriu minha cabeça e eu entendi meu pertencimento. Isso foi talvez no começo dos anos 1990. Era uma coisa latino-americana e eu estava ali como um representante brasileiro, e aquilo bateu em mim de uma maneira muito forte que nunca mais apagou. Então, agora sinto, sim, a influência de Matogrosso, que já existia inconsciente, porque eu já fiz capa de disco vestido de índio, com cocar de índio, show todo vestido de índio”, descreveu.