Evento acontece na noite desta quarta (25)
Do fluxo de pessoas nas fronteiras, unem-se e mesclam-se as diferentes culturas, gerando instrumentos híbridos de expressão identitária, capazes de representar tanto quem está do lado de cá, como quem está do lado de lá. É assim com o portunhol, a mistura entre os idiomas português e espanhol, que tanto conhecemos quando visitamos a fronteira do Brasil, em Mato Grosso do Sul, com o Paraguai e a Bolívia.
Mas o portunhol selvagem, ou melhor, ‘salvaje’ tem um elemento a mais que o dialeto da fronteira. Ele é livre e poético, é transgressor e indomável. E, por isso mesmo, é fascinante. Ele é tema de roda de conversa nesta quarta-feira (25), no Sesc Morada dos Baís, com dois de seus representantes, os escritores Joca Terron e Douglas Diegues. O bate-papo tem até nome pomposo, ou não tanto – “Portunhol salvaje e otras coisas desimportantes”, com mediação de Rosana Zanelatto e integra a programação comemorativa do Sesc Cultura de Campo Grande em homenagem aos 40 anos de MS.
Autor de “Dá gusto andar desnudo por estas selvas: sonetos salvajes (2002, Brasil)”, considerado o primeiro livro de poemas em portuñol publicado na literatura hispanoamericana, Douglas Diegues é filho de mãe paraguaia e pai carioca, vivendo parte da infância pela fronteira brasileira. Com Eloísa Cartonera, publicou “Uma flor na solapa da miseria”, “El astronauta paraguayo” e a versão pocket de “Triple Frontera Dreams”.
Joca também é vencedor do prêmio Machado de Assis na categoria melhor romance, com “Do fundo do poço se vê a lua” (Companhia das Letras). Neste ano, também pela Cia. das Letras, ele lança “Noite dentro da noite”, romance em que remonta, de forma fantástica, muitas das histórias de sua infância vivendo em Bela Vista.
A despedida do projeto ‘Arte da Palavra’ também contará com o lançamento da revista Palavra, produção bianual do Departamento Nacional de Literatura do Sesc, com distribuição de apenas 100 unidades.
Oficina
Também para fechar com chave de ouro a edição 2017 do projeto Arte da Palavra, o Sesc promove, de 25 a 29 de outubro, das 18h30 às 22h, o circuito de criação literária ‘Soltando a língua’, com Marcelino Freire (PE), vencedor do prêmio Jabuti com a obra Contros Negreiros (Editora Record), na categoria ‘Melhor Livro de Contos’, em 2006. Freire também é autor de Angu de Sangue (contos, Ateliê Editorial) e de Nossos Ossos (Editora Record, 2013), com o qual venceu o prêmio Machado de Assis de Melhor Romance do Ano.
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Por meio de exercícios e de intensa troca de ideias e de experiências entre os participantes da oficina, o escritor Marcelino Freire dará dicas de como ‘desbloquear’ e ‘enxugar’ um texto, trabalhar a concisão, dar voz a uma ideia, criar um personagem, organizar um livro, valorizar o repertório e o vocabulário, seja em qual gênero literário for.
As inscrições são gratuitas e ocorrem pessoalmente no Sesc Morada dos Baís, a partir das 13h30, com vagas limitadas. O primeiro dia será no Sesc Morada dos Baís e os seguintes na Biblioteca do Sesc Horto.
(Com informações da assessoria)