Em viagem solitária pelo mundo, Guilherme viu nas palavras sua companhia

Jornada em ano sabático resultou em obra meio ficção, meio biográfica

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Jornada em ano sabático resultou em obra meio ficção, meio biográfica

Nove meses é o tempo de uma gestação, da formação de um ser humano, de uma pessoa que a partir de seu nascimento construirá a própria história. Nove meses também foi o tempo que o jornalista Guilherme Soares Dias levou para reunir no papel suas experiências pelo mundo. E na viagem que fez ao redor do globo, a palavra foi sua mais fiel companheira.

O relato muitas vezes sinestésico de deparar-se com o diferente e reconhecer-se a cada nova maravilha apresentada virou livro – uma obra de 75 páginas que vão da prosa à poesia, da biografia à ficção. Em ‘Dias pela Estrada’, o jornalista faz corajosa exposição e convida o leitor a conhecer as experiências compartilhadas. Ou melhor, as sensações.

‘Dias pela estrada’ nem de longe se parece com um diário de bordo ou guia turístico. O autor recorre à palavra e constrói, ao longo da obra, uma narrativa de descoberta dele mesmo: de porto em porto, Guilherme foi em busca do mundo, do desconhecido. Mas, encontrou a si, em cada linha arquitetônica da Sagrada Família, cada gôndola que viu sobre os canais em Veneza, cada grão de areia que viu no Atacama. Deixou o conforto do lar, por achar que em vez de boa, a vida poderia ser maravilhosa. Cada parada era um espelho de si, e nas palavras, o viajante solitário encontrou acalento e companhia. Dele mesmo.

“Eu fui escrevendo um pouco para entender o que estava acontecendo, porque era uma experiência nova. Como eu viajei sozinho, tinha um turbilhão de coisas pra assimilar. Eu lembro que muitos me perguntaram, ao saber que ia tirar um ano sabático, se eu faria um blog de viagens. Eu fiz questão de não fazer nada disso, porque eu queria descansar, ficar off de tudo isso, já que a escrita é meu trabalho. Durante a viagem eu fui escrevendo para me fazer companhia”, explica.

Alteridades

Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Guilherme desenvolveu sólida carreira no jornalismo formal em São Paulo, onde viveu por sete anos. E conforme inicia em sua obra, a percepção da finitude da vida fez com que ele buscasse desafiar-se.

“Eu tinha uma amiga com quem dividia o apartamento, a Érika Ramos. Ela faleceu de câncer, com apenas 35 anos, e isso me marcou muito. Foi quando eu finalmente tive a sensação de que a vida era finita, que a gente morre, e eu sentia que estava muito na zona do conforto, numa vida boa, mas numa zona de conforto. As pessoas acham que a gente fez pra fugir, mas minha vida era boa. Só que eu queria mais”, descreveu.

Em viagem solitária pelo mundo, Guilherme viu nas palavras sua companhiaE uma vez desafiando os próprios limites, Guilherme encontrou o mundo. Encontrou a si. As reflexões que teve sobre a vida viraram letras, versos, textura de papel. ‘Dias pela Estrada’ é uma reação. “Percebi que o mundo era muito grande, encontrei muitas possibilidades. E foi quando percebi que minha vida saiu do status de boa para ótima”, relata.

Em Campo Grande para o lançamento da obra, dentro do projeto Café Literário, no Sesc Morada dos Baís, o jornalista recebe amigos e quem mais se interessar pela temática, logo mais, às 19h30. E já prestes a dar o próximo passo rumo de sua viagem pelo mundo, Guilherme decide declarar-se viajante. Nesse tempo, afastado do mercado formal, o jornalista fundou, junto a colegas, uma experiência independente em jornalismo, a revista Calle 2, que promove análises políticas e etnografias da América Latina.

“Em dezembro cheguei à penúltima parada da minha viagem, que foi o Atacama, que inclusive é a capa do livro. Lá, eu decidi trabalhar por três meses, mas a ideia dessa viagem maior ficou eu decidi que queria continuar viajando, eu não queria ter uma residência física. Daqui, devo voltar ao Atacama, permanecer mais alguns meses, até seguir para novo rumo”, conclui.

Serviço – Lançamento de ‘Dias pela Estrada’, de Guilherme Soares Dias. Nesta terça-feira (4), às 19h30, no Sesc Morada dos Baís (Avenida Noroeste com Afonso Pena), na programação do Café Literário. A obra estará á venda por R$ 35. No facebook: https://www.facebook.com/diaspelaestrada

 

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