Na poesia da vida real, ela distribuiu quase 500 versos nas ruas para sensibilizar

Jovem poetisa quis alcançar as pessoas no Dia da Poesia

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Jovem poetisa quis alcançar as pessoas no Dia da Poesia

 

Na poesia da vida real, ela distribuiu quase 500 versos nas ruas para sensibilizar“Fazer poesia não é só escrever poesia”, entoa a poeta e escritora de Ponta Porã Renata Boeira. Aos 26 anos de idade, ela transborda seus versos em seu cotidiano, mas muitas vezes reflete sobre o papel da poesia na vida das pessoas, não só intelectual como prática. E foi dessa forma, que na tarde de ontem (14), Dia Nacional da Poesia, ela distribuiu cerca de 430 cartões postais com versos seus nas ruas de Ponta Porã, mais precisamente na avenida Brasil, região central. “No dia da poesia achei que era minha obrigação levar e dividir essa alegria com a rua”, explica Renata. 

A princípio, ela relata que ficou com receio da reação das pessoas, mas aquilo ganhou um propósito maior. “Quando eu chegava perto dos carros, todo mundo achava que eu estava indo pedir ou vender alguma coisa, que eu estava indo incomodar. Aí eu desejava uma linda tarde e falava que estava oferecendo uma poesia, e as pessoas ‘desmoronavam’”, descreve. O “desmoronar”, no que a poeta se refere, é o fato de que as pessoas pareciam vidradas em algo não tão prazeroso e de repente, no soar da palavra “poesia”, se abriam, sorriam, “viravam do avesso”, segundo palavras da própria Renata. 

Os postais com as poesias tinham versos de dois lados, um verso falando sobre saudade e carinho, e outro sobre despedida. “Hoje, todo mundo está entre sentir falta de alguém ou desapegar de alguém”, brinca a poeta. De todo mundo que teve a sorte de receber um postal poético das mãos de Renata, das quase 500 pessoas, apenas duas se recusaram com veemência a aceitar o presente. “Foram duas mulheres que falaram ‘Não! Não quero’, mesmo eu explicando o que era. Outro ponto engraçado é que várias pessoas quiseram dar dinheiro! Não aceitei, pois aquilo era um presente”, enfatiza. 

De todo mundo que recebeu o postal, para ela, os idosos e as crianças foram os mais “abertos”. “É impressionante como o idoso não está armado, eles estão mais acessíveis à troca, a querer mais isso. As melhores reações vieram de pessoas de cabelos brancos”, relata a poeta. Para ela, só reitera o papel transformador, mesmo que por alguns minutos em um dia cheio, das palavras. “Não existe poesia sem gente, sem rua, sem troca”, finaliza. 

 

Poesias distribuídas falavam sobre saudade e desapego / Foto: Arquivo pessoal

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