Empenho e amor aos músculos garantem a fisiculturista de MS vaga em competição mundial

Sem apoio, e com gastos de até R$ 5 mil, atleta conquistou vaga

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Sem apoio, e com gastos de até R$ 5 mil, atleta conquistou vaga

Quem vê a mulher de apenas 1,51m surpreende-se ao reparar as curvas volumosas, frutos de anos de musculação e dedicação. Com 62 centímetros de coxa, 41 de bíceps, 37 de panturrilha e 1,30m de ombro, a fisiculturista Claudete Santana, de 41 anos, dá um baile em muito ‘marombado’ por aí. Tanto é que ela é considerada, atualmente, referência nacional no fisiculturismo.

Sabe aquele lema de marombeiro ‘no pain, no gain‘ (sem dor, sem ganho), comum entre os praticantes da musculação? Pois é, Claudete conhece ele como ninguém. Aliás, a frase já se tornou rotina para ela, e não apenas nas dores musculares, fruto dos treinos. O empenho da atleta vai além, invade sua rotina alimentar, financeira e até social.

“Um fisiculturista não é só fisiculturista quando sobe no palco. É preciso levar uma vida regrada e com restrições. Eu treino de segunda a sábado, tenho uma dieta extremamente restrita, evito baladas e preciso dormir bem”, afirma.

O empenho e amor pela arte de ver os músculos evoluírem e ganharem formas definidas garantiram à atleta sul-mato-grossense uma vaga no campeonato mundial de fisiculturismo que acontece em junho deste ano, no Rio Grande do Norte. “Quando recebi a notícia de que eu participaria do mundial, fiquei muito feliz. Esta semana já recebi minha nova dieta e vou começar os treinos com um novo preparador físico. Meu objetivo é lapidar os meus músculos para fazer uma boa apresentação”, relata.

 Marithê Lopes)

Vencedora

Claudete já foi duas vezes campeã estadual de sua categoria. Em 2012, foi a grande vitoriosa do campeonato brasileiro. Já em 2014, levou para casa a quarta colocação do ‘Arnold Classic’, segunda maior competição de fisiculturismo. Completando a lista de conquistas, foi vice campeã em 2015 na competição nacional e participou da disputa sul-americana o ano passado.

“Enquanto eu tiver saúde e disposição vou continuar no esporte. Quero ser lembrada como uma grande atleta, um ícone do fisiculturismo, além disso, passar para todo mundo a lição de que todo mundo pode, independente de valores, basta ter empenho e dedicação”, completa.

Mas, nem tudo são flores. Por mais que seja bem sucedida no que faz, Claudete ainda traz na memória uma realidade que ainda complica a vida de muitos atletas: a falta de patrocínio. Nos períodos de preparação para campeonatos, o gasto da fisiculturista chega a casa dos R$ 5 mil – custo que sai inteiramente do próprio bolso, já que ela não conta com incentivos privados ou do governo. “No mundial, vou representar o Estado, mas até as passagens sou eu que vou ter que pagar, pois a falta de incentivo ainda é muito grande. Isso até acaba desestimulando muitos atletas”, revela a atleta.

As grandes medidas já renderam a Claudete a admiração de muitos e… O espanto de outros, reações que refletem-se em apelidos como ‘a musculosa’, ‘mulher gigante’ e ‘grandona’. Entretanto, engana-se quem pensa que ele enxerga esses comentários de maneira negativa. “Eu gosto de ser reconhecida como a mulher musculosa, eu sempre quis me destacar. Não me importo com o que pensam de mim. Eu estando bem comigo mesma é o que importa”, conclui, dando uma aula de autoestima.

(Texto com supervisão de Guilherme Cavalcante)

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