Bailarina fala sobre trajetória

Se hoje a bailarina Laís Pamplona completou 30 anos feliz da vida, entre paisagens belíssimas na Áustria, a trajetória dessa profissional da , que nasceu em São Paulo mas viveu toda a infância em Campo Grande, ela deve grande parte disso ao balé. A história de Laís, brasileira que mora fora há muitos anos, e largou tudo aos 14 anos para investir na dança, chegou para a reportagem de um jeito inusitado. 

Na manhã desta segunda-feira (19), noticiamos que o Teatro Bolshoi, um dos balés mais prestigiados do mundo, estava com edital aberto de dança, e bailarinos do Mato Grosso do Sul poderiam tentar. Uma leitora entrou em contato e falou sobre Laís, que por uma imensa coincidência, estava visitando a mãe na Capital. Simpática, acessível e didática, a bailarina contou um pouco de sua história, nova porém impactante. 

“Minha mãe é de Campo Grande, fui criada aqui, meus amigos são daqui. Sempre amei a dança”, descreve Laís. Quando completou 14 anos, ela saiu da Capital após ter passado na seletiva do Balé Bolshoi, e mudou-se para Joinville (SC), onde a escola se localiza. “Fui sozinha. Fiquei em uma casa de família com mais cinco meninas que também dançavam. Tinham meninas do Brasil inteiro. Hoje, uma das meninas que ficou lá comigo é diretora artística do Bolshoi aqui, outra menina está no Bolshoi da Rússia”, relembra. 

Mercado da dança

Foram 8 anos de formação na dança até ela colocar um monte de cartas de recomendação debaixo do braço e ir alçar voo no mercado da dança, que fora do Brasil é levado muito a sério. “Consegui um trabalho na Áustria. Cheguei lá sem falar uma palavra em alemão, falava inglês e ia tentando me comunicar. Depois de um tempo consegui o emprego na companhia que eu trabalho ainda hoje”, afirma. 

Laís já dançou como corpo de bale, em conjunto com vários outros bailarinos e também é solista. “Fui crescendo, ía em teatro, várias oportunidades vão se abrindo, lá quando você fala que é bailarina clássica é super legal. Existem muitos bailarinos, muita arte”, destaca. Mas ela enaltece que todo seu aprendizado foi aqui, e cita dançarinas de MS que marcaram sua carreira. “Entre elas, temos a própria Beatriz de Almeida, que já dançou fora daqui. Temos as meninas que vão para o Bolshoi”, analisa. 

Para ela, em um país como o nosso, onde muitas vezes a arte sofre uma desvalorização, o Bolshoi pode ser uma porta de entrada para um aprendizado consolidado. “Lá você tem metodologia, técnica, estrutura, tudo que é preciso para aprender. Mas tem que ter muita disciplina, ter um bom preparo psicológico para aguentar morar longe da família e ser independente. Não basta só o talento na dança. É uma vida de escolhas”, enaltece. 

Seleção do Bolshoi

O Teatro Bolshoi lança um edital extra para seleção de novos interessados em ingressar na escola. As inscrições vão até dia 22 de setembro, e os candidatos tem que ter nascido de 1998 a 2004, visando jovens dançarinos que querem ingressar no curso. Pode ser a chance dos sul-mato-grossenses. Para ler o edital completo acesse o link: http://escolabolshoi.com.br/selecao/.

Além de ensino gratuito, os alunos recebem benefícios como alimentação, transporte, uniformes, figurinos, assistência social, orientação pedagógica, assistência odontológica preventiva, atendimento fisioterápico, nutricional e assistência médica de emergência/urgência pré-hospitalar. Para isso devem apresentar bom rendimento na Escola Bolshoi e também no ensino médio e fundamental, pois a ausência de boas notas implica na perda da bolsa.