Além deles, outros três casais da família são formados por primos 

O ano era 1970. Aos 18 anos, recém-chegado do Exército e coberto pela ‘pompa’ que à época isso implicava, José Nivaldo Lopes desembarcou na cidadezinha de Marialva, no Paraná. Por lá, era quase rei. Atraía os olhares e amores de todas as moças.À prima, a adolescente recatada Neuza Maria de Abreu Lopes, 15, restou servir de ‘pombo-correio’ do rapaz.

Na penúltima história de amor da série #TEAMO vamos entrar num ambiente familiar, que, de vez em quando, rolam amores que dão certo. No caso de seu Nivaldo e dona Neuza, deu supercerto.

“As meninas eram todas apaixonadas por ele. Eram muitas cartas e juras de amor profundas das minhas amigas e eu entregava tudo para ele”, lembra. Com o tempo, as cartas deixaram de chegar, a atração física bateu e de amigos e confidentes, os primos passaram a namorados apaixonados. Em 1973 se casaram. Juntos constituíram família e tiveram quatro filhos – “lindos e saudáveis. Pode acrescentar isso, por favor?” – salienta Nivaldo, aos 64 anos.

“Eu notei que as cartas não chegavam mais e comecei a desconfiar da Neuza. Não deu outra”, diz orgulhoso.  No começo, ela resistiu aos encantos do primo galanteador, mas cedeu. Em uma pamonhada de dona Rita, mãe da moça e tia de Nivaldo, aconteceu o primeiro beijo. “Fomos buscar milho no milharal e não resistimos. Na verdade a culpa foi da mãe dela”, brinca com a sogra que acompanhava a entrevista.

As cartinhas de Jussara, Noelia e tantas outras moças apaixonadas estão hoje guardadas com carinho com as fotografias e recordações do casal. “Eu jamais poderia me desfazer dessas cartas. São tão bonitas, com tanto amor. Parte da história dele”, explica Neuza diante da experiência e segurança de seus 61 anos.

O amor entre os primos não é o único caso da família. Outros três irmãos de Nivaldo se casaram com primas, um deles, inclusive, foi casado com a irmã de Neuza. Os dois garantem que as relações nunca foram encaradas como um problema, pelo contrário, foram aprovadas e abençoadas pelos familiares. “Tinha como eu não gostar do meu próprio sobrinho?”, questiona dona Rita.

Antes de se fixarem em Campo Grande, os dois passaram por várias cidades em busca da tão sonhada estabilidade financeira. Por muitos anos viveram e trabalharam em uma Kombi antiga. “Na Kombi cabia a nossa mudança e ainda sobrava espaço para a gente dormir. Dividíamos tudo, até o sanduíche”, narra ao lembrar-se dos tempos difíceis vividos pelos dois.

Parceiros na vida e nos negócios, os dois afirmam que para eles o ingrediente que permitiu tanto tempo de união é o amor. “Com amor tudo é superado. Se você ama, tem paciência, tem cuidado, tem respeito”, diz o marido apaixonado.

Aposentados, o casal dedica boa parte do tempo a colaborar com a formação de outros casais. Eles são coordenadores do curso de noivos da Paróquia São José e garantem: “ter fé e seguir os ensinamentos sagrados foi fundamental para passarmos por muitas dificuldades que todos os casais passam”.

No dia 14 de julho os dois vão comemorar 42 anos de casados e já nos convidam para as Bodas de Ouro, também para as de Diamante e todas as outras seguintes, na certeza de que “amor de primo é para sempre”.