Escritor quer mostrar que a ideia não prejudica à indústria editorial

Paulo Coelho é um antigo defensor da liberdade de compartilhamento de obras artísticas na internet — até mesmo de seus próprios livros. Mantendo a coerência com essa posição, o escritor brasileiro disponibilizou gratuitamente a versão digital de duas de suas obras em seu site oficial. Com um detalhe, Coelho sugere aos que gostarem da leitura que comprem os livros para “mostrar à indústria editorial que essa ideia não compromete os negócios”.

Os leitores encontram no site do escritor a edição em inglês de “O manual do guerreiro da luz” (1997), uma compilação de ensinamentos e questionamentos filosóficos e histórias, e a versão em português do romance “Brida” (1990). O escritor afirma que vai oferecer obras em espanhol e outras em português ao público.

A versão do “Manual do guerreiro da luz” traz apenas quatro-quintos do livro em inglês, pois Coelho não tem a versão completa. Ele garante, no entanto, que as páginas que faltam não comprometem o conteúdo.

Coelho classifica a estratégia como um “método reverso de venda de livros”. Para estimular o retorno, ele indica os sites que vendem suas obras, como Amazon, Submarino e iTunes. Após a leitura dos capítulos introdutórios, os leitores recebem a seguinte nota:

“Caro leitor, se você gostou do texto, por favor, compre-o — assim podemos mostrar à indústria editorial que essa ideia não prejudica os negócios”.

Em 2012, Paulo Coelho se manifestou contra a desfesa da propriedade intelectual. Em publicação no site, ele pediu aos “piratas do mundo” que se unissem “para piratear tudo que já escrevi”. Ele defende que a pirataria é uma introdução ao trabalho do artista.

“Se você gosta da ideia dele ou dela, então você vai querer na sua casa; uma boa ideia não precisa de proteção”, argumenta.

Como exemplo, ele lembra que a distribuição gratuita de sua obra na internet não comprometeu as vendas na Rússia. Na época, ele publicava pela primeira vez no país, que enfrentava uma severa falta de papel. O autor descobriu uma versão pirata em russo de “O alquimista” e divulgou em sua página oficial. Após a resolução da crise, ele vendeu 10 mil cópias da versão impressa. Dois anos depois alcançou 1 milhão de livros vendidos e hoje já vendeu mais de 12 milhões.

Com mais de 35 milhões de fãs de todo o mundo nas redes sociais, ele também se apropria de formas coletivas para escrever seus livros. Para o recente “Adultério” (2014), recolheu mais de mil emails escritos por fãs para compartilhas histórias pessoais de infidelidade.