Para ser fã de Star Wars, é preciso mais que escolher um dos lados da força?
Fãs revelam o que os levou até a franquia de maior sucesso do cinema
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Fãs revelam o que os levou até a franquia de maior sucesso do cinema
Ser fã de Star Wars é mais que ter assistido a todos os filmes da franquia e achar que está pronto para escolher um lado da força. É preciso compreender o universo da saga, a complexidade dos personagens e estar disposto a certos sacrifícios, do tipo estar apto para, de madrugada, assistir à estreia mundial do sétimo episódio da saga e acordar cedo para trabalhar como se nada tivesse acontecido.
Foi o que fizeram milhares (milhões?) de fãs da saga mundo a fora. Aqui em Campo Grande, duas das três grandes redes de cinema exibiram ‘Star Wars – O Despertar da Força’ por volta da meia noite. Vale tudo para não ficar de fora das conversas da manhã de quinta-feira, que obviamente vão girar em torno do filme, e também para fugir dos temidos spoilers – revelações do enredo da narrativa.
Para os seguidores da série, difícil mesmo foi segurar a ansiedade, já que além do trailer, pouco se sabia sobre a história. E muitos dos seguidores de Luke e Anakin Skywalker até acamparam nos cinemas, trajando seus costumes dos personagens preferidos, como bem manda o figurino de um fã de verdade. Sabe como é…
Para entender melhor como o lance funciona, a reportagem conversou com alguns devotos de Star Wars, que ajudaram a gente a compreende como foi entrar de cabeça no universo (sem volta) das batalhas galáticas, guerra, império, autoritarismo, busca por justiça e despertar da força. Aperte os cintos, porque lá vem a história.
Estava passando na TV
O acaso, esse danado que mexe com a estrutura da nossa vida e faz com as coisas mudem de uma hora para outra. Muitos dos fãs estavam na sala de casa quando tiveram o primeiro contato com ‘Guerra nas Estrelas’. Foi assim, sem avisar, que na TV passava um dos filmes da trilogia original (equivalentes aos episódios 4, 5 e 6 da saga).
“Eu assisti aos filmes de Star Wars pela primeira vez quando tinha por volta dos 12, 13 anos, quando os seis episódios foram transmitidos pela SBT. A cada sábado, um episódio era exibido, ou seja, eu acompanhei a saga pela TV durante 1 mês e meio. Creio eu que me tornei fã, mesmo sem me declarar como um, naquele momento, pois ter a chance de assistir a todos os episódios e aguardar para que o próximo fosse transmitido era fascinante”, revela o professor de Filosofia Weslem Gimenez, 26.
Weslem, que já ministrou até uma palestra sobre ‘Filosofia Jedi’, também conta que Star Wars se torna fascinante por reunir vários campos de conhecimento, como história, física, astronomia e sociologia. “Sempre fui curioso com a História e as demais ciências humanas e Star Wars consegue reunir vários elementos como a Filosofia, a História e Sociologia. Tornava-me mais fã à medida que ia revendo os filmes, lendo os quadrinhos e livros, artigos sobre curiosidades e meta-teorias. Hoje, eu uso Star Wars na sala de aula quando falo de política, ética, economia e movimentos sociais”, conta.
Já a universitária Dani Carvalho, 21, que mantém a fanpage ’Star Wars da Depressão’, traz a casualidade do primeiro contato ‘por acaso’ como um caminho sem volta. “A primeira vez que assisti o filme era pequena, lembro que passava na TV e minha mãe assistia. E acho que me tornei fã na adolescência, quando eu tinha uns 13 ou 14 anos, quando finalmente parei pra prestar atenção em um deles. Depois foi natural assistir aos outros e gostar deles”, destaca.
O assistente jurídico Tiago Pitthan, 37, também foi uma ‘vitima’ da TV, quando foi seduzido pelo primeiro universo diferente com o qual teve contato. “Tinha uns 13 anos, início da década de 90. Na verdade eu já tinha assistido antes, fora de ordem, mas sem dar muita atenção. Mas, considero essa a primeira vez, quando decidi assistir todos os três filmes, na ordem correta. Quando terminei de ver o primeiro filme enchi o saco dos meus pais pra me levarem na locadora, de VHS, ainda, para eu locar os outros dois filmes de uma vez. Acho que eles perceberam que assim teriam paz por algumas horas e me levaram. Foi assim que fiz minha primeira maratona”, brinca. “Muito antes de Tolkien e Rowling eu já viajava em mundos e civilizações diferentes a bordo da Millennium Falcon”, acrescenta.
O que marcou?
O Episódio 5, ‘O Império Contra-Ataca’, correspondente ao segundo filme da trilogia original, é apontado com frequência como a sequência favorita dos fãs. Foi quase unanimidade entre os entrevistados. “Assisti o Episódio 5 pela primeira vez quando tinha 8 anos, estava passando na TV. Lembro bem, pois uma cena no filme me marcou muito, quando o Luke Skywalker entra em uma caverna em Dagobah e encontra com um Darth Vader e ao cortar a cabeça do Vader, ele se enxerga por detrás da máscara”, diz o gastrônomo Bruno Girelli, 34.
Décadas depois de lançada a trilogia, uma geração inteira já era ‘cooptada’ pela saga. Até que os diretores do filme, com a nova tecnologia dos anos 90, resolveram remasterizar Star Wars e apresentá-lo às novas gerações. Não parou aí. Nos anos 2000, três novos filmes, uma espécie de prelúdio, também estrearam nos cinemas, o que fez com que a trilogia original iniciada na década de 1970 se tornasse episódios 4, 5 e 6. “Lançaram as versões melhoradas, com som e imagem mais incrementados. Acho que foi ali que percebi que me tornei um fã de verdade. Lembro que quando anunciaram que voltaria aos cinemas, eu fiquei maluco, porque já estava viciado na saga”, revela Bruno.
Mas, fã que é fã também permite-se ter uma opinião mais crítica. Tem até quem não goste muito do prelúdio, a exemplo do funcionário público Daniel Hockenbach, 33. “Bom, eu não gosto da trilogia prequel, acho que o George Lucas quase botou tudo a perder com os fãs com os filmes. Acredito que ele errou em tomar todo o controle da saga pra si e teve uma série de ideias medianas sem ninguém pra podar ele. Os filmes antigos só fizeram sucesso porque ele contou com o apoio de muitos colaboradores em todas as frentes, isso fica claro nos livros sobre a realização dos filmes”, relata, com tom analítico.
Daniel, a propósito, é autor do blog Sentinela Positrônica, que fala basicamente sobre ficção científica e, claro, tem tudo a ver com Star Wars. “Meu blog é sobre ficção científica em todas as mídias, todas as vertentes da ficção, no caso. Assim, Star Wars é uma Space Opera no melhor estilo Flash Gordon. No blog já falei até sobre o ‘Marcas da Guerra’, o livro que prepara o caminho pra nova trilogia. Falei também sobre as histórias em quadrinhos da Marvel com o novo universo expandido e do jogo Battlefront. Acabei de postar sobre o novo filme, minhas impressões e palpites”, aponta.
Como assistir?
Independente do lado da força que estes fãs escolheram, fica uma certeza. Se fã de Star Wars, com ‘F’ maiúsculo não é para os fracos. Mas a quem está interessado a se tornar um membro da irmandade Jedi, existe até uma receita. “Para quem nunca viu, a recomendação é assistir primeiro a trilogia original, a clássica, causa um impacto melhor que a nova”, conclui Bruno.
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