Para alimentar cães abandonados, servidora acorda às 6h e pedala 10 km

A dedicação aos animais é quase exclusiva 

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A dedicação aos animais é quase exclusiva 

O barulhinho da bicicleta anuncia: é a hora da comida. Imediatamente eles se levantam e saem às pressas atrás de Jaqueline Cabanhas, 44 anos. O eles, se refere aos mais de 40 animais abandonados alimentados diariamente por ela. E a correria da cachorrada feliz ao se alimentar é a razão de todo seu esforço.

Com renda mensal de pouco mais de R$ 800, ela se desdobra em várias para garantir os mais de 100 quilos de ração, 30 quilos de arroz e dois quilos de salsicha ou frango diários. Às 21 horas ela começa a preparação do alimento. Às 6 horas, com tudo pronto, ela parte em sua bicicleta munida de potinhos de comida pelas ruas do Bairro Iraci Coelho.

“Alguns me seguem quando me veem indo ao trabalho, já que é o mesmo caminho. Me canso de perder o ônibus porque volto até a casa de alguns e tento colocá-los de volta no quintal”, diz entre risos.

A paixão pelos animais sempre existiu, mas foi há 10 meses, quando sofreu um rompimento no ligamento do joelho, que ela passou a se dedicar, quase que inteiramente, a alimentar os cachorros. Em tempos em que a vida humana vale tão pouco e a de animais ‘irracionais’ menos ainda, a atitude de Jaqueline chamou a atenção de amigos.

De lá pra cá, ela tem recebido algumas doações que permitem manter o trabalho. Mesmo assim, ainda é pouco. O estoque está no fim e só há alimentos para esta semana. “Algumas pessoas não entendem porque eu faço tudo isso”, reclama ao contar que além de comida, faz casinha de papelão, trata de feridas e paga a conta de clínicas veterinárias.

Potes, sacos plásticos, garrafas PET e tudo que possa servir como recipiente para o alimento é bem-vindo. “Eu saio arrecadando tudo isso. Mas 1 quilo de salsicha que seja já ajuda muito”, conta.

Jaqueline explica que nem todos os animais de que cuida, como verdadeira fada-madrinha, são vivem na rua. Pelo menos 9 deles possuem ‘donos’ e lar, mas ficam à mercê da própria sorte na hora de se alimentar.

“Alguns deles vivem em condições precárias, amarrados, sem água e sem comida. Eu pedi para alimentá-los, todos os dias, orientei para colocar corrente maior, levei comedouros dos meus cachorros. É uma situação muito triste”, afirma.

Com a possibilidade de se mudar do bairro, Jaqueline teme que os animais fiquem abandonos à própria sorte. “Se eu me mudar, eles com certeza morrerão mais cedo”, diz preocupada. Mas como toda boa fada madrinha, Jaqueline estará ao alcance de um pedido, ou de uma lambida, como lhe soa melhor. “Procuro um bairro aqui perto para poder continuar alimentando meus anjos de pata”, completa. 

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