Amor de mãe mudou diagnóstico dos médicos

Andar calmo, voz mansa e uma perseverança de dar inveja, embora isso venha atrelado a um semblante um tanto abatido, resultado da luta travada há seis anos. O MANHÊ deste sábado (9), véspera do , revela as dificuldades enfrentadas por Ângela Gabriel, de 29 anos, mãe do André Gabriel, 7. Ela é nossa mãe guerreira e, apesar da timidez em falar com a equipe de reportagem, vai relatando aos poucos o incrível elo de mãe e filho.

Índia terena da Tribo Buriti, ainda adolescente veio para trabalhar. Após o primeiro ano de casamento, isso há oito anos, descobriu que viveria pela primeira vez a experiência de ser mãe.

Depois de sete meses de gestação, Ângela entrou em trabalho de parto, seu filho viria prematuro. Após o nascimento da criança, ela recebeu a notícia de que André Gabriel havia nascido com falta de oxigenação no cérebro o que resultou em uma paralisia cerebral.

“No início foi muito difícil, o médico chegou a me dizer que meu filho teria no máximo uma semana de vida. Pedi muito a Deus e disse que aceitaria meu filho da forma que fosse”, lembra a mãe emocionada. Somente com esta frase, já se pode sentir, ainda que pelas palavras, a essência de um amor sem limites.

Tendo como aliados o trabalho dos médicos e as preces da mãe, a saúde da criança foi se estabilizando. Ângela disse que durante dois meses, o filho ficou internado entre idas e vindas à Santa Casa e ao Hospital Universitário em Campo Grande. Nesse período, ainda pequenino, o bebê passou por uma delicada cirurgia para a retirada de líquido do cérebro e só então pôde ir para a casa, porém, André seria uma criança especial.

“O amor sempre fala mais alto. Aceito meu filho como ele é e o fato de ele ser especial não tem nenhuma diferença pra mim”, assume.

Assim que completou 1 ano, André começou a receber atendimento na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Campo Grande, fato que resultou em uma nova jornada na vida de Ângela.

A equipe do MidiaMAIS acompanhou o trajeto percorrido por ela e constatou a batalha que a mãe enfrenta duas vezes por semana para que o filho possa receber acompanhamento médico. O tempo gasto é de quase duas horas entre três ônibus, dois terminais e minutos de espera. A mãe mora no Bairro São Conrado e percorrem um longo trajeto até o Bairro Pioneiros, na saída para São Paulo.

“É sempre muito cansativo esse trajeto que já faço há seis anos, além disso, as pessoas no ônibus não respeitam, ficam bravas quando precisam sair do lugar que é para os cadeirantes, mas não desisto porque sei que vale a pena, vejo os avanços na saúde dele”, revela.

Além do difícil percurso dentro do transporte coletivo, quando desembarca do ônibus, Ângela precisar caminhar por um trecho de aproximadamente 350 metros até a sede da Apae. A batalha desta mãe no entanto, continua e fica até mais intensa nos dias chuvosos.

Questionada sobre o que espera do futuro, o espírito materno mais uma vez passa na frente da mulher. “Se meus filhos estiverem bem, isso já me basta. Quero que o André possa falar, andar e ser um grande homem. Quero ver eles felizes”, frisa. 

O relato de Ângela se junta aos das demais mamães que travam a mesma batalha pela recuperação dos filhos. Cada mãe com uma história diferente, lapidada muitas vezes por lágrimas, mas esculpidas pelos sorrisos dos pequenos. E é neste simples gesto que talvez brote a força potente destas mães guerreiras.