Liubliblablá: mastigações de um camelo será lançado às 19 horas 

O livro Liubliblablá: mastigações de um camelo, escrito a quatro mãos por André Monteiro e Luiz Fernando Medeiros, vai ser lançado nesta quarta-feira às 19 horas. O evento será na sala Rubens Correa, do Centro Cultural José Octávio Guizzo.

A publicação tem como mote as metamorfoses, criadas por Nietzsche em Zaratustra, em torno das figuras do camelo, do leão e da criança. No livro, busca-se alterar essa configuração do personagem camelo, atribuindo-lhe um gesto de insubmissão, próprio do leão, e de entrega ao devir, inerente ao “ver com olhos livres” da criança, para lembrarmos uma expressão de Oswald de Andrade. O camelo, nessa nova configuração, pode ser traduzido como aquele que estuda uma determinada cultura, não para dela se tornar um especialista (seu animal de carga), gordo de erudição, mas para digeri-la, mastiga-la, tritura-la, torna-la leve, ágil e ativa, pronta a agenciar o salto do leão e o voo da criança.

Trata-se uma provocação à maneira dominante pela qual o saber contemporâneo vem sendo produzido e acessado no ambiente universitário e suas adjacências: o saber confundido com acumulação, mal digerida, de conhecimentos já codificados, e com a obsessão pela produtividade, lida a partir de seu cárter estritamente quantitativo ou a partir de modelos de qualidade previamente fixados.

Rasurando as fronteiras entre ensaio e poesia, o livro passeia, a partir da fala-mastigação do personagem camelo, por temas diversos da cultura brasileira e internacional contemporâneas: do samba à geopolítica global, das possibilidades micropolíticas do amor à psicopatia inscrita no capitalismo de consumo. Ao longo de tal passeio, procura-se, de muitos modos, liberar a vida onde ela se encontra aprisionada pelos códigos discursivos do senso comum e do bom senso.

Liubliblablá: mastigações de um camelo é, antes de tudo, um livro político, um livro que luta pelo direito de se pensar-escrever-viver uma vida mais lúdica e menos utilitarista, uma vida mais entrega à gratuidade do próprio viver e menos obediente a “um fazer sentido” a priori, tal como sugere a palavra nonsense que dá título ao livro: Liubliblablá.