Falta apenas uma: autista que coleciona listas telefônicas vive à procura do exemplar

Ele procura Guia de Campo Grande de 1995, com a capa da TVE

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Ele procura Guia de Campo Grande de 1995, com a capa da TVE

Desde o primeiro ano de vida, Luiz Felipe de Souza, 21 anos, tem uma paixão pelas letras. Alice, sua mãe, contou que a fixação pelas palavrinhas não surgiu à toa, ele é autista. “Desde a maternidade ele já sabia ler, tinha uma enfermeira que jurava de pé junto que ele leu no hospital, mas eu não acreditei na época, só tempos depois… que foi cair a ficha, que ele já lia e escrevia, mesmo antes de falar”, conta.

O mundo das palavras entrou na mente de Luiz e não foi por acaso. Como todo autista, a fixação por alguma coisa única é natural e com ele não foi diferente. Só que, de todas as palavras, Luiz Felipe não se encantou por livros, gibis ou jornais e revistas… ele se apaixonou por lista telefônica.

“Desde um aninho ele tem paixão pelas listas de casa, era uma briga, porque eu a deixava ao lado do telefone de casa e ele ia lá e pegava e desde então, começou minha saga com a coleção dele”, conta a mãe.

Nós do MidiaMAIS tiramos a prova na tarde desta quinta-feira. Ao entrarmos no quarto do menino, o espanto: uma estante inteira cheia de listas telefônicas. “Tivemos que fazer essa estante pra ele e não podia ser na sala ou em outro lugar, tinha que ser aqui, em seu quarto, porque todo dia ele olha, tem que folhear página por página, isso tudo, há 21 anos”, explica dona Alice.

De tamanha fixação por listas, há dez anos, como toda mãe que quer ver seu filho feliz, Alice reservou um valor de R$ 500 e saiu mundo afora comprando listas de todo mundo. “Fiz uma reserva de R$ 10 por lista e sai comprando e se hoje, eu tivesse dinheiro eu anunciaria só para ver meu filho feliz, com a lista de 1995”.

Como ele é apaixonado e venera as listas telefônicas e coleciona desde a edição de 1993 até 2015, há uma que ele não tem e que, pelo menos, umas doze vezes por dia, cobra de sua mãe. “É a Guia de Campo Grande que tem a capa da TVE”, diz Luiz e conclui: “é laranja”.

A saga da procura pela tal lista do ano de 1995 não é de agora. Há um ano e meio, a mãe teve que por as listas – todas gastas de tanto manusear, sob o sol, para tirar os ácaros e, numa dessas, a chuva inesperada, molhou e ela teve de jogar fora. “Se arrependimento matasse, eu tava morta, porque tive que jogá-las, estavam sem condições e numa leva dessas, foi a de 1995, que ele tanto quer e me cobra todo dia”.Falta apenas uma: autista que coleciona listas telefônicas vive à procura do exemplar

Além da tão esperada lista telefônica que tem na capa, uma foto da TV Educativa, Luiz Felipe também quer quatro edições do Guia Cidade, as dos anos: 1998, 1999, 2002 e 2003.

Quando perguntei sobre a reação do filho, se ele se emocionaria a mãe disse: “eu acho que ele vai pular muito, mais muito alto de felicidade”.

Se você tiver ou souber de alguém que tenha alguma das edições que o jovem procura, pode entrar em contato através do WhatsApp da redação do Jornal Midiamax 9207-4330.

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