Ao todo, 60 fotografias ressaltam a estética fotográfica do intelectual paulistano

Os labores no campo com a cana, o café e o gado, os registros da população ribeirinha, seu transporte, os mercados de grupos urbanos, a troca entre citadinos e indígenas e até referências de mulheres lavando roupas fazem parte do contexto das fotos tiradas pelo escritor e poeta Mário de Andrade. Parte destes registros estarão compondo a exposição “Mário de Andrade: etnógrafo-fotógrafo-poeta”, que chega a Cidade Morena na próxima terça-feira (23). Quem irá abrigar a exposição será o MARCO – Museu de Arte Contemporânea.

Sob a curadoria de Adrienne Firmo, a mostra traz a público um recorte de 60 fotografias em preto e branco realizadas pelo paulistano em 1927, quando ele esteve em viagem ao Pará e ao Peru.

A cultura e o povo, foram os principais interesses do escritor Mário de Andrade, com o intuito de desbravar o Brasil, realizou uma viagem etnográfica pelo Norte do país, descrita por ele como ‘Viagem pelo Amazonas até o Peru, pelo Madeira até a Bolívia e pelo Marajó até dizer chega’.

Durante o trajeto, fez registros fotográficos e escritos sobre a paisagem, o homem e a cultura da região. O conjunto das fotografias reunidas na mostra “Mário de Andrade: etnógrafo-fotógrafo-poeta” representa o homem, a paisagem, arquitetura e cultura das regiões visitadas. 

 “As fotografias demonstram também o empenho do escritor em transmitir por meio de elementos plásticos aquilo que é retratado, fundindo a informação ao valor artístico, além de registrar cada imagem com títulos e legendas que as explicam ou esclarecem, aliando, dessa forma, a ação do turista-etnógrafo à do fotógrafo-poeta”, escreve a curadora Adrienne.

A exposição pretende apresentar dois aspectos da formação cultural brasileira: o trabalho e o registro de suas práticas, ambos representados a um só tempo na visão do trabalho nos interiores do Brasil no inicio do século XX, formulada pela pesquisa etnográfica e artística de Mario de Andrade, fundamental para a formação dos estudos acerca da cultura e do povo brasileiros.

Fotografias e coleções do intelectual

Além deste experimento fotográfico como meio de apreensão do povo e sua cultura, o escritor-fotógrafo Mario de Andrade, em 1928, dedicou-se a nova viagem de reconhecimento do país, sobre a qual enviou cotidianamente crônicas ao Diário Nacional, publicadas na coluna intitulada “O turista aprendiz”.

Também guardou em seus arquivos retratos de outras viagens como aquela até Minas Gerais, sendo a primeira em 1919, e a outra em 1924, chamada por ele  de “Viagem de descoberta do Brasil”. Fotografou, ainda, as férias no interior de São Paulo, entre os anos 1920 e 1930, colecionou cartões-postais de diversas regiões e povos do Brasil, formando, assim, uma coleção de representações de parte importante das práticas e do viver da nação nos inícios do século XX.

A abertura acontece 19h30 no MARCO e a exposição fica até 26 de Julho. O Museu fica na Rua Antônio Maria Coelho, nº 6.000 – Parque das Nações Indígenas. Horário de funcionamento: terça a sexta-feira das 12h às 18h e sábados, domingos e feriados, das 14 horas às 18 horas.