As batalhas terão premiação de R$ 200

O Bairro Conjunto José Abrão é reconhecido como o berço da cultura de rua em Campo Grande. Por lá, surgiram alguns dos principais nomes do nosso rap, como o grupo “Master Break” que na década de 1990 despertou Campão para a eferverscência do hip-hop. De alguns projetos paralelos desenvolvidos por esses pioneiros, originou-se o “Falange da Rima” e outros tantos expoentes do movimento na Capital.  

Neste fim de semana, o bairro da zona oeste será palco de mais uma tarde dedicada a arte de rua. Com direito a batalha de MCs e B-boys, exposição de grafite e partidas de basquete, o “Rap da Colina” pretende integrar a comunidade ao movimento que segue numa crescente observada até pelos olhares menos atentos.

Diante dessa cena cultural cada vez maior, eventos como este se fazem necessários para “juntar” os trabalhadores do rap, como explica o produtor Augusto Pedro, o Cabeça HC. “A cena está crescendo bastante. Isso é muito legal, fruto do nosso trabalho. E criar oportunidades como esta de integrar as pessoas que estão envolvidas no movimento é importante para que ele cresça ainda mais. Temos que mostrar que o nosso movimento pode ser muito pedagógico.”

A programação vai acontecer no centro comunitário do bairro, a partir das 13 horas. O convite custa R$ 10, mas quem puder levar agasalhos em bom estado de conservação tem direito a meia entrada. As batalhas terão premiação de R$ 200.

”Será um evento bem legal para quem é da cena do rap, mas não só para eles. Nossa intenção é atrair todo tipo de pessoa. Por isso estamos propondo a arrecadação de agasalhos e brincadeiras para as crianças. A gente quer fazer rap, mas queremos que esse rap chegue às pessoas e seja benéfico para elas”, conta.

Cabeça HC é ex-integrante do grupo Falange da Rima. Hoje, ele se divide entre seus projetos pessoais – seu novo trabalho está em fase de finalização –  e a produção de novos talentos e eventos. “Estou atuando mais efetivamente em produção há uns dois anos. Ainda é difícil. Mas percebemos que já não há tanta discriminação e muita gente tá produzindo coisas bem interessantes”, comemora.

Para ele, um dos maiores desafios é convencer os representantes de que algumas parcerias são importantes, principalmente em se tratando de instituições do poder público. “Como não poderia deixar de ser, o pessoal ainda tem um pé atrás em firmar algumas parcerias. Mas estamos superando isso e entendendo que todo mundo que quiser somar é bem-vindo”, afirma.

Com o olhar criterioso de quem já vivenciou muita coisa no rap, Augusto tem dedicado especial atenção aos meninos do Locoleste. São “só” quatro anos de carreiras e um nome já consolidado na cena como explica Paulo Alexandre, o Woompa, um dos vocalistas do grupo.

“O trabalho da Locoleste tá crescendo bastante. Estamos conseguindo unir o movimento e isso faz com que ele cresça ainda mais”, diz. 

No sábado, Locoleste se apresenta ao lado de Dumato MC, que lança mixtape nova; Falange da Rima e MSO3. Uma ótima oportunidade para descobrir ou redescobrir o movimento que já tomou Campo Grande da zona sul à zona norte.