Juntos há 18 anos, o filho era o elo que faltava para os papais Luiz e Aguinaldo

Há três anos, o de Adônis é duplamente comemorado. Ao invés de um pai, ele tem dois, o servidor público Luiz Carlos Barbosa de Castro, 55 anos e o cabeleireiro Aguinaldo Silvestre da Silva, 43.  O pequenino foi quem nos recebeu no portão de sua casa. Envergonhado e serelepe ao mesmo tempo, Adônis é igual a todas as crianças de 3 anos: feliz.

Ao seu lado, o papai Luiz, como ele chama também nos recepcionou e disse: “Acabamos de chegar da comemoração de dia dos pais na escolinha, foi muito linda e ganhamos até presente”. O presente, um protetor de pescoço todo estilizado e um convitinho feito a mão, contendo um desenho feito pelo filho e uma gravatinha que dizia: para o meu lindo papai.

Enquanto o papai Gui não chegava, conversamos sobre a luta que foi, para os papais conseguirem adotar Adônis e a glória também, de quando Luiz conseguiu licença maternidade de 180 dias, logo quando o filho chegou.

“Ah…todo começo é ‘começo' né, passada aquela luta, de conseguir a guarda dele na Justiça e, depois do direito de todos os pais adotivos teriam, de licença garantia (porque pai adotivo não tinha, não sei porquê?) a gente ta aqui de momentos bons, porque depois que o Adônis chegou, nossa vida mudou, e pra melhor”, pontua.

Como toda criança saudável, ele corria por todos os lados e mostrava a todo instante, os brinquedos e até a paixão por dinossauros e, já com o papai Gui na sala, lembraram de um comentário feito numa reunião de amigos do casal, quando o perguntaram a ele se ele tinha uma mãe. “Ele respondeu, sem a gente insultar bem assim: ‘ eu não tenho uma mãe eu tenho dois pais que são minha mãe também”, emociona-se Aguinaldo.

Os papais exercendo uma das funções de pai, brincar com o filho Ele destaca ainda que tudo na rotina do filho é monitorado, desde o desenho que assite – ele só vê desenhos em inglês na TV ao preparo do prato predileto, o macarrão. “E de noite, no inverno, a gente traz ele pra dormir com a gente, porque criança se descobre mesmo, e com o tempo seco, não podemos vacilar”, explica o papai Gui.

Quanto a figura feminina, Luis e Aguinaldo disseram que no mesmo terreno, moram a avó e a tia, que são referências na vida do menino e, além disso, tem a professora e as ‘tias' da escolinha.

Sobre preconceitos em datas comemorativas, os pais de Adônis garantem que nunca passaram por uma situação constrangedora. Segundo Aguinaldo, a vida do filho é igual a de toda criança, com rotinas e horários e na escola mesmo, nunca houve perguntas aleatórias. “Na ultima avaliação escolar, ele se saiu super bem, não teve nenhuma reclamação e inclusive, ele tem espírito de liderança, mas isso é dele, a gente esta aqui para dar amor e educar”, avalia.

O filho do casal homoafetivo não é diferente de outros filhos de heteros. A vida deles é normal como a de todos nós. Os pais, que são mães também, são os responsáveis pela formação de caráter de Adônis e, também, pela felicidade dele. Luiz a Aguinaldo vivem seu terceiro dia dos pais felizes com a escolha que fizeram, de ter um filho juntos. “Sempre quis ser pai e, quando a oportunidade bateu em nossa porta, abrimos com força e fé, porque uma criança só deixaria nosso elo mais fortalecido, assim seguimos, pais felizes”, explica Aguinaldo.