Os alunos são da Escola Estadual José Maria Hugo Rodrigues
Há cinco anos a Escola Estadual José Maria Hugo Rodrigues, no bairro mata do jacinto, extinguiu os tradicionais vulcões com lavas borbulhantes e as maquetes com gel de cabelo azul das feiras de ciência. A intenção da direção era tornar a experiência mais cientifica. E deu certo! Nos últimos anos, a escola tem conseguido destaque quando o assunto é ciência e três alunos da instituição vão publicar artigo em uma renomada revista de química.
Leonardo dos Santos Maciel, Luiz Felipe de Oliveira e Matheus da Silva Oliveira, todos dos 2° ano D, publicarão os resultados da pesquisa “síntese da fase inorgânica do osso humano funcionalizada com gálio, visando uso da medicina e odontologia”, na ‘Orbital – The Electronic Journal of Chemistry’ que tem critério de avaliação qualis B do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
O trio foi orientado pelo professor André Luiz Rainho Teixeira e co-orientado por Thais Conceição dos Santos Veiga e ao longo de quatro meses trabalharam na pesquisa a um material sintético que substitua o osso humano. São as mesmas caraterísticas do material humano, mas feito em laboratório.
“É muito legal para a gente. É o início de uma carreira que eu pretendo seguir”, conta Leonardo, de 16 anos. O garoto teve seu primeiro contato com a ciência na escola, em feiras de ciência, e descobriu o caminho que pretende seguir. Aliás, ele não é o único a ter descoberto o talento através das feiras, pelo contrário.
Neste ano, de cerca de 100 trabalhos apresentados na Fecintec (Feira de Ciência e Tecnologia de Campo Grande), 32 são da escola José Maria. “É um trabalho que vem de muito tempo e envolve os alunos, professores e direção da escola. Há um incentivo muito grande ao pensamento científico. Eles são estimulados a desenvolver pesquisas relevantes e com assuntos complexos”, explica o professor de física, André, que possui mestrado e doutorado.
Além de André, na escola José Maria, a maioria dos professores foi além da graduação. As experiências pessoais foram levadas para a escola e os resultados já aparecem. “Por coincidência, os professores aqui da escola tem a tradição de irem além da graduação. Muitos tem mestrado e até doutorado. O que é bem raro na rede pública de educação”, diz André.
Incentivo à pesquisa
Mesmo diante do cálculo que parece exato, o incentivo à pesquisa é muito pequeno, ou quase inexistente para os professores da rede pública. De acordo com André, por conta do mestrado o acréscimo em seu salário mensal é de apenas R$ 150. Pelo doutorado, nada é pago. “Na rede estadual não há nível de doutorado na tabela de remuneração. A gente segue por paixão e por querer se aprimorar. Mas o incentivo é muito pequeno”, diz ao explicar o motivo pelo qual as escolas públicas dificilmente alcançam os mesmos resultados que as particulares.