Juros caem com aumento do apetite a risco em emergentes após CPI dos EUA

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,86%

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Os juros futuros encerraram quarta-feira foi de forte queda, proporcionada essencialmente pelo exterior. A inflação ao consumidor nos Estados Unidos em dezembro veio relativamente dentro do previsto e desarmou receios de que o Federal Reserve pudesse ser ainda mais agressivo na condução da política monetária, abrindo o apetite global por risco. Com isso, os juros locais se beneficiaram do bom desempenho das moedas emergentes e também do alívio no rendimento das taxas dos títulos do Tesouro americano, derrubando a ponta longa em cerca de 30 pontos-base. Nos curtos, o movimento de queda reforçou a percepção de desaceleração do ritmo de alta da Selic no Copom de março.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,86% (regular e estendida), de 12,037% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,528% para 11,21% (regular) e 11,195% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,19% (regular) e 11,16% (estendida), ante 11,452% na terça-feira.

Após fatores técnicos terem na terça engessado um pouco a reação positiva da curva local à sinalização de gradualismo emitida pelo presidente do Fed, Jerome Powell, as taxas nesta quarta amanheceram já em declínio, se alinhando à fala do mandatário, mas tração maior foi dada mesmo pelo índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que saiu às 10h30. A taxa mensal cheia subiu 0,5%, ante consenso de 0,4%, e o núcleo, 0,6%, ante mediana de 0,5%. Na comparação anual, o CPI subiu 7,0% em dezembro, como esperado pelos analistas, taxa mais elevada desde 1982.

“A surpresa não foi tão grande. O mercado parecia estar preparado para algo pior. Já tem muita coisa precificada lá fora”, explica o estrategista da Tullett Prebon Vinicius Alves, destacando que o indicador promoveu melhora generalizada nos ativos emergentes.

O mercado consolidou a ideia de que o Fed deve começar a elevar os juros em março. “Os números, ainda que não tenham surpreendido dado o comportamento já adverso observado ao longo do ano, reforçam o panorama desconfortável para a autoridade monetária, o que explica a rápida mudança de posicionamento do Federal Reserve em suas últimas sinalizações”, avalia o economista Silvio Campos Neto, da Tendências.

Como lembra ainda o Departamento Econômico da Renascença, nos próximos dias saem a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), referentes a novembro, que deverão vir fracas. Com isso, o mercado também pode ter se antecipado, aparando excessos da ponta curta.

Na precificação de Selic nos DIs, a curva indica um mercado dividido nas apostas de nova elevação de 1,5 ponto porcentual (60% de chance) e aceleração do ritmo para 1,75 ponto (40%) para o Copom de fevereiro, segundo o Banco Mizuho. Para o Copom de março, o mercado precifica alta de 1 ponto. No segundo semestre, a curva indica cenário de queda para a taxa básica, com 50% de probabilidade de corte de 0,25 ponto no Copom de setembro.

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