Catador que achou o órgão lacrado em um frasco diz que tem ‘cheiro forte' e etiqueta ilegível.

Funcionário de uma empresa especializada em descarte de entulhos, Damião Arruda da Silva, 29 anos, nunca havia se deparado com um coração humano até o início da tarde desta quarta-feira. No Aterro Sanitário do , onde ele foi a trabalho, durante o despejo de uma caçamba o motorista foi surpreendido com o aparecimento de um frasco de vidro que rolou próximo a ele. Na embalagem descobriu relevado o mistério sobre a possibilidade de ter visto um coração humano. 

“Já tinha ouvido falar do pessoal de lá que eles achavam dedos, pés, pedaços de gente às vezes, mas eu nunca tinha visto nada disso. Hoje enquanto deixava o entulho da caçamba vi rolar até mim e outros que estavam lá no aterro, um frasco de vidro e depois de limpar a parte externa vi que havia dentro um coração”, diz Damião pávido com a primeira vez que viu um coração de perto. No entanto faltou coragem ao motorista para abrir o frasco e tocar no material. 

O cheiro forte do frasco de vidro atrapalhou a experiência tátil do funcionário da empresa de caçambas, mas não inibiu que Damião carregasse o ‘coração aparentemente humano' na caminhonete para mostrar aos colegas antes de jogar fora a embalagem encontrada no Lixão. O que mais intrigava o motorista era o fato de que aquele órgão era há pouco tempo de outra pessoa.

“Pra mim era de alguém que se foi a pouco tempo, por isso esse coração pra mim tem uma história. Pelo vidro dá pra ver que ele está em bom estado, lamento não ter a informação sobre de onde veio esse frasco. Pelo que me falaram no Aterro ali não é lugar para se jogar fora coisas assim”, diz Damião.

Hipóteses

Mesmo com a presença de duas etiquetas na lateral do frasco de vidro, que dá a entender sobre a procedência do coração humano ser antes do descarte um objeto de estudo, Damião faz questão de discordar da hipótese. O motorista guardou uma espécie de fascínio pelo mistério da origem do coração, mais próxima segundo ele de ter sido de um lixo hospilatar.  De acordo com o funcionário da empresa de caçambas, se o coração fosse de alguma universidade estaria mais danificado. 
In loco o Midiamax conferiu dentro do frasco um coração com tamanho adulto, com aparentemente 12 centímetros de comprimento, bastante desidratado e com indícios de que estivesse conservado no formol, substância química utilizada para manter peças anatômicas. O cheiro do frasco fortemente lacrado era forte quando a reportagem teve acesso ao material.
 
O jornal também questionou a Prefeitura sobre a destinação adequada de peças anatômicas de estudo acadêmico, lixo hospitalar e demais materiais orgânicos, que não tem a recomendação de descarte no Aterro Sanitário do Jardim Noroeste. Pela Assessoria a Administração Municipal afirmou que esse gênero de resíduos é incinerado com freqüência no Distrito do Indubrasil, tendo recolhimento ordenado da concessionária responsável pelo serviço de Logística Reversa em Campo Grande.

Por sua vez conta a Solurb que os resíduos capazes de apresentar risco biológico são autoclavados. Os resíduos que apresentam risco químico, bem como peças anatômicas são incinerados. Ambos os tratamentos (autoclavagem e incineração), ocorrem nas instalações dos nossos fornecedores, localizados no distrito industrial (indubrasil). De acordo com a empresa, o aterro Jardim Noroeste não está sob administração da Solurb, o que deixa claro a localização desconexa do coração encontrado por Damião.