Há um ano conhecendo a América do Sul de bicicleta, jornalista passa pela Capital
Ciclista ficou encantado com o Pantanal
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Ciclista ficou encantado com o Pantanal
No dia 16 de fevereiro de 2014, o jornalista Felipe Fontes, de 25 anos, montou em sua bicicleta e saiu de São Paulo com um objetivo: pedalar por todo o continente. Acompanhado de dois amigos de infância, deu início a projeto chamado Sobre Seis Rodas: três amigos, três bikes e um documentário registrando tudo o que for encontrado no caminho por2 anos.
“A ideia inicial era fazer São Paulo – México, ir até a América Latina. Depois reduzi para a América do Sul, com exceção das Guianas e do Uruguai. E no Brasil conhecer todos os estados, menos o Amapá, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, conta Felipe.
Assim como o meio de transporte, o plano é simples: pedalar sem pressa pelo continente. “Conhecer diferentes culturas, abrir a cabeça”. Seis meses depois os amigos de Felipe voltaram para a capital paulista. Ele também, mas só para as eleições.
“Um dia depois do segundo turno montei na bike e fui sozinho rumo Paraná”, conta. Antes disso, já tinha passado pelo Nordeste e Sudeste. Do Paraná foi até o Paraguai, Argentina, Chile e Bolívia. Da Bolívia foi para Corumbá e conheceu o Pantanal.
Encantado
“Foi a natureza mais selvagem da viagem. O mato mais mato, que era o que eu estava procurando. Gostei muito, paisagens geográficas maravilhosas. Todo dia via um pássaro diferente e muitos bichos na estrada, vivos”, relata.
O ciclista passou também por Bonito e Mato Grosso. Agora está em Campo Grande, onde deve ficar até esta quinta-feira (5). “Não conhecia, gostei muito da receptividade, está sendo um prazer”, revela. Perguntado sobre o que chamou a atenção, não titubeia: “gostam muito de carne aqui”.
Paixão pelo pedal
Felipe andava de bike quando criança. Voltou a pedalar aos 18 anos. “Mudou minha vida, comecei a ir de bicicleta para a faculdade, para o trabalho. Mudou minha relação com a cidade e com o corpo. Me defino como ciclista antes da minha nacionalidade ou profissão, antes de mais nada sou ciclista”, frisa.
O jornalista começou com viagens pequenas e foi aumentando. Depois de fazer viagem de 1 mês e meio decidiu rodar o continente. “Viajar sem data para voltar, parando, desviando rota, com total liberdade. E documentado tudo isto”. Normalmente são 6, 7 horas de pedal por dia, quando é claro e o sol não está forte. Em média a pedalada diária é de 80 a 100 km.
Sem perrengue
Felipe é enfático quando questionado se passou por dificuldades. “Você só passa por perrengue quando está com pressa. Sem pressa tudo se resolve. Lógico que o vento, dias chuvosos atrapalham, mas tudo depende da sua disposição, da sua cabeça, seu humor”.
O jornalista ainda destaca que a chance de algo dar errado indo de bicicleta é muito baixa. “Pouca coisa pode dar errado em uma viagem de bicicleta. O custo é zero e a manutenção é fácil. Se quebrar algo e tiver que trocar peça não vai sair mais que R$ 50”.
O documentário
Segundo Felipe, a ideia de documentar a viagem surgiu para mostrar o cicloturismo. “Não é nem de mostrar a viagem e sim os outros ciclistas que encontro. Mostrar a transformação, o aprendizado de uma viagem de bicicleta. As aventuras, a expansão de consciência. Todo dia é um lugar diferente, gente diferente, cultura diferente, comida diferente”.
Antes de viajar ele e os amigos de infância fizeram campanha de financiamento coletivo na internet para comprar os equipamentos de filmagem. “Fizemos parceria com uma produtora de São Paulo e depois do fim da viagem vamos atrás de patrocínio e verba pública através de editais para fechar o documentário”.
O jornalista destaca que não está sozinho. Durante a viagem fez amigos ciclistas, como circenses do Paraguai que vai encontrar na Bolívia depois que deixar a Capital. “Me ensinaram muito, a curtir a viagem, a não ter pressa”.
Outro encontro entre que Felipe não esquece é de família da Europa que estava fazendo o trajeto Rio de Janeiro – Estados Unidos. “A gente acha que é maluco por fazer essa viagem e aí vejo esta família com filhos de 9, 10 anos pedalando em outro continente”.
Números
Felipe pretende retornar à São Paulo no fim deste ano. Para fazer a viagem ele guardou parte do seu salário e vendeu algumas coisas. Desde que está na estrada gasta, em média, R$ 365 por mês. Até esta terça-feira (3), ele calcula já ter gasto pouco mais de R$ 4 mil.O jornalista já pedalou 10.690 km, fora os 5.960 km de carona (de caminhão, ônibus ou barco).
Próximo destino
De Campo Grande, o jornalista vai para Corumbá na quinta-feira (5), depois pretende passar pela Bolívia e ir para Rondônia.
Saiba mais
Sempre que tem tempo e acesso à internet, atualiza a viagem no site Ciclomundo (http://ciclomundo.com.br/), que conta com informações como: maior pedal até agora (180 km de Natal a João Pessoa) e máximo de dias sem banho (8 na Bolívia). Também há um Facebook do projeto Sobre Seis Rodas, onde há fotos da viagem (https://www.facebook.com/SobreSeisRodas?fref=photo).
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