O navio australiano Ocean Shield, que procura destroços do avião da Malaysia Airlines desaparecido há um mês, captou dois novos sinais no Oceano Índico que podem ser da caixa-preta da aeronave, informaram nesta quarta-feira fontes oficiais. A detecção dos novos pulsos acústicos, os primeiros desde o final de semana passado, deixou bastante otimista a equipe de buscas pelo voo MH370, que sumiu com 239 pessoas a bordo. O coordenador da operação, Angus Houston, revelou que espera encontrar “em alguns dias” os destroços do Boeing 777-200.

Em entrevista coletiva, o australiano declarou que com os novos sinais é possível “ter uma pequena zona” delimitada que permita, “em alguns dias”, encontrar “algo no fundo (do mar) que possa confirmar que este é o local onde se encontra o voo MH370”.

O primeiro novo sinal, que durou 5 minutos e 32 segundos, foi captado na tarde desta terça, no horário local da cidade de Perth, no oeste da Austrália. O segundo, de 7 minutos, durante a noite. “Foram captados na mesma área e vão permitir uma melhor definição das buscas”, disse o chefe do Centro de Coordenação de Agências Conjuntas, Angus Houston. O ex-militar australiano afirmou, porém, que “apesar de estarmos fazendo as buscas no local correto” ainda não há confirmação visual da presença dos destroços do avião desaparecido.

Corrida contra o tempo – No domingo, o navio Ocean Shield detectou dois sinais na mesma área, situada a cerca de 2.000 quilômetros ao noroeste de Perth. A embarcação continua buscando “meticulosamente” novos sinais para “determinar o lugar dentro dos quatro pontos acústicos” antes que se esgotem as baterias da caixa-preta. “É importante receber a maior quantidade de informação para determinar a possível localização do avião enquanto os sinais continuem sendo transmitidos”, disse Houston.

As equipes de busca trabalham para estabelecer a área de rastreamento antes de enviar o submarino robô Bluefin-21, que é transportado pelo Ocean Shield, para tentar encontrar os destroços do avião malaio. Equipado com sonares e uma câmera de vídeo, o submarino pode submergir a uma profundidade de até 4.500 mil metros, que coincide com a do local de buscas, mas seu raio de ação é limitado.

Houston destacou que o Ocean Shield pode rastrear com seu detector de sinais uma superfície seis vezes maior que a do Bluefin-21. “Esperamos que em poucos dias possamos encontrar algo no fundo que confirme que é o destino final do (voo) MH370”, disse o coordenador da operação. Nesta quarta-feria participam dos trabalhos 11 aviões militares, quatro aeronaves civis e 14 embarcações, que se concentram em uma área de 75.423 quilômetros quadrados situada a cerca de 2.261 quilômetros ao noroeste de Perth.

Mistério – Decorrido um mês desde o desaparecimento do avião da Malaysia Airlines, o local da queda presumida pelas autoridades malaias no Oceano Índico continua sendo um mistério. O voo MH370 saiu de Kuala Lumpur com 239 pessoas a bordo rumo a Pequim na madrugada do dia 8 de março (tarde do dia 7 no Brasil) e desapareceu dos radares civis da Malásia cerca de 40 minutos após a decolagem.

Estavam a bordo da aeronave 154 chineses (um taiwanês), 50 malaios, sete indonésios, seis australianos, cinco indianos, quatro franceses, três americanos, dois neozelandeses, dois ucranianos, dois canadenses, um russo, um holandês e dois iranianos que utilizaram os passaportes roubados de um italiano e de um austríaco.

A polícia malaia disse na semana passada que não considera que os 227 passageiros sejam responsáveis por sequestro, sabotagem e problemas psicológicos ou pessoais, mas a tripulação continua sob suspeita de algum ato criminoso que tirou o avião de sua rota original.