Um vídeo divulgado na internet mostra a execução de dezenas de soldados sírios por militantes do Estado Islâmico após a tomada de uma base aérea na província de Raqqa no último fim de semana. Os soldados aparecem caminhando pelo deserto apenas de cuecas. Depois, são mostrados enfileirados, de rosto virado para o chão, sem se mexer. Uma legenda com a qual o vídeo foi publicado diz que, ao todo, foram 250 executados.

Um militante do Estados Islâmico confirmou à agência Reuters que o vídeo é autêntico, mas não foi possível confirmá-lo com outra fonte independente.

O Estado Islâmico, uma dissidência da Al Qaeda, invadiu a base aérea de Tabqa, perto da cidade de Raqqa, no domingo (26), após dias de confrontos com o Exército, nos quais mais de 500 pessoas morreram, de acordo com o grupo de monitoramento Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Taqba era o posto avançado do Exército sírio em uma área controlada por militantes, que assumiram o controle de grandes áreas da Síria e do Iraque.

O EI, conhecido por sua crueldade, também está envolvido em uma ofensiva no Iraque, onde tomou grandes faixas territoriais desde 9 de junho. Descrito como “câncer” pelo presidente americano Barack Obama, o grupo tem sido combatido pelas forças iraquianas junto com seus aliados ocidentais, que buscam implementar uma estratégia comum para tentar derrotá-lo.

O grupo extremista sunita criado em 2006 no Iraque com um nome diferente e que ressurgiu com força total em 2013 durante a guerra na Síria, proclamou no final de junho um califado islâmico nas regiões conquistadas neste país e no Iraque.

Após a tomada da base de Tabqa, último reduto controlado pelo regime em Raqa, os jihadistas controlam toda a província. No leste da Síria, caças sírios mataram vários líderes do EI que estavam reunidos na cidade de Mohassan, perto de Deir Ezzor (leste), informou o OSDH.

“Vários chefes do EI, religiosos e militares, foram mortos em um ataque das forças do regime em uma casa onde estavam reunidos”, disse Rami Abdel Rahman.

Diante da ascensão dos jihadistas na região, o presidente francês, François Hollande, pediu que a comunidade internacional prepare uma resposta ‘humanitária e militar’, mas recusou qualquer cooperação com o regime de Bashar al-Assad.

“Uma ampla coalizão é necessária, mas que as coisas fiquem claras: Bashar al-Assad não pode ser um parceiro na luta contra o terrorismo”, declarou Hollande, em um discurso anual aos embaixadores franceses.

Desde o início da crise na Síria, em 2011, as potências ocidentais e alguns países árabes do Golfo apoiam a oposição síria moderada, contra as forças do regime e contra os jihadistas. Em sua luta contra os jihadistas, o regime de Damasco declarou recentemente estar disposto a cooperar com Washington, que já realiza desde 8 de agosto ataques aéreos contra o EI no norte do Iraque.

Mas a Casa Branca descartou qualquer coordenação com Damasco, apesar de o presidente Barack Obama dar o sinal verde para missões de reconhecimento sobre o território sírio. Neste sentido, Obama deve reunir nesta quinta-feira à noite seu Conselho de Segurança Nacional.

Como informa a AFP, no Iraque, para diminuir a pressão sobre Amerli, cidade majoritariamente turcomana xiita cercada há dois meses pelos jihadistas, os Estados Unidos consideram uma intervenção, que poderia ser o lançamento de ajuda humanitária ou ataques aéreos contras os insurgentes, segundo um alto funcionário do Pentágono, que pediu para não ser identificado.

Localizada 160 km ao norte de Bagdá, a cidade está cercada por combatentes do EI desde junho, quando o grupo lançou uma ofensiva conquistando extensas faixas de território ao norte, a oeste e a leste de Bagdá.

O Iraque reuniu na quarta-feira tropas tendo em vista uma operação para romper o cerco à cidade, onde os moradores dizem que seus recursos estão diminuindo e a eletricidade foi cortada.

Mais ao norte, os jihadistas atearam fogo nesta quinta-feira em um campo de petróleo que controlavam, antes de bater em retirada, enquanto as forças curdas atacavam a mesma área, de acordo com autoridades locais.