A Polícia Federal divulgou nesta quarta-feira (18), o vídeo na integra, de uma funcionária comissionada do Ministério da Saúde, que teria cobrado propina do diretor do Hospital de Câncer Alfredo Abrão. 

Durante a conversa, que foi gravada com autorização da Polícia Federal, e terminou com a prisão em flagrante da mulher, a funcionária do Ministério da Saúde fala várias vezes ‘eles’, dando a entender que cumpriria ordens. Uma mulher com o nome de Flávia, também é citada como superior da funcionária que foi presa em Campo Grande. Seria ela a responsável por aprovar as propostas de convênio.

A funcionária do Ministério da Saúde condicionou o repasse de verbas públicas federais oriundas de emendas parlamentares e a compra de um acelerador linear ao pagamento de R$ 150 mil pelo hospital.

A conversa gravada começa com o diretor tentando negociar o repasse de R$ 60 mil, dos R$ 100 mil prometidos. O diretor do Hospital de Câncer, Carlos Alberto Coimbra já havia acionado a Polícia Federal e depositado R$ 50 mil na conta indicada pela mulher para as investigações prosseguirem. No diálogo, a funcionária diz que seria difícil negociar em Brasília.

Coimbra: Aqueles 50 [mil] que eles pediram foi depositado direitinho. Tá faltando 100 [mil]. Queria ver se você me ajudava com alguma coisa. Diminuir isso…

Funcionária: Não consigo isso, estou esmagada.

Coimbra: Nada, nada, nada?

Funcionária: Não consigo mesmo, eu vim aqui por causa disso. Já me ligaram hoje. Não consigo mesmo.

Coimbra: Como a gente faz?

Funcionária: Não sei. Não tenho a mínima ideia.

Em outra parte do diálogo, a mulher diz que veio a Campo Grande, para que ‘eles’ parem de ‘encher o saco’ e para ‘ninguém me ligar amanhã’. O presidente do Hospital de Câncer faz então quatro cheques de R$ 10 mil à mulher para cobrir os 40 mil já combinados e tenta negociar os cheques que totalizam R$ 60 mil. Em outro trecho, Coimbra confirma se a liberação está garantida.

Coimbra: Eu estou confiando no que você me falou. Que vai ser aprovado…

Funcionária: Vai ser aprovado Carlos.

Na hora em que está saindo da sala, a mulher é interceptada pela Polícia Federal.

PF: Você recebeu uns cheques agora?

Funcionária: Recebi.

PF: Coloca em cima da mesa, por favor. Você está presa em flagrante pelo crime de corrupção.

PF: Você trabalha no Ministério da Saúde? Você trabalha lá desde quando?

Funcionária: Três anos

PF: É a primeira vez que você está pedindo propina?

Funcionária: Eu não estou pedindo propina.

PF: Tem mais gente envolvida nisso?

Funcionária: Tem.

PF: Quem?

Funcionária: Tem um pessoal do gabinete.

Por fim, a Polícia Federal questiona a mulher sobre a participação da mulher chamada Flávia. A funcionária diz então que ela trabalha no gabinete do secretário e seria a responsável por aprovar as propostas de convênio.

Colaborou: Fernanda Kintschner