A Venezuela vive a apreensão de uma nova onda de protestos e marchas marcadas para hoje (18). O líder do Partido da Vontade Popular, Leopoldo López, convocou simpatizantes para saírem às ruas e acompanhá-lo em manifestações que chamou de “resistência”, antes que ele se apresente à Justiça. O governo de Nicolás Maduro também convocou a população que o apoia para uma marcha pela paz, contra as manifestações “da direita fascista”.

A segunda-feira (17) foi de “relativa calma”, embora tenham ocorrido manifestações em algumas regiões. O metrô de Caracas teve sete estações fechadas durante a tarde, devido aos confrontos entre os funcionários do serviço de transporte e manifestantes.

Apesar de um clima moderado nas ruas, nas redes sociais e nos meios de comunicação locais, a oposição e o governo trocaram acusações e difundiram notícias que denunciaram a manipulação de informações de ambos os lados, como a publicação de fotos montadas, supostamente para incriminar os opostos (por exemplo, fotos falsas de pessoas feridas).

A ministra de Comunicação e Informação, Delcy Rodríguez, denunciou, em sua conta no Twitter, que grupos de direita teriam planos de ações violentas para hoje. Ela comentou a denúncia vinculada na estatal Venezuelana de Televisão (VTV), que revela que representantes da direita teriam contratado 300 sicários (como são chamados assassinos contratados) para promover a violência na capital durante as marchas.

“Alerto a comunidade internacional, porque grupos violentos planejam para hoje tomar o poder à força”, escreveu em sua conta no Twitter. De acordo com as denúncias difundidas pela emissora de TV estatal, setores de oposição teriam um fundo de 120 milhões de bolívares para o pagamento dos assassinos.

Entre os opositores, o clima mostra diferenças. Leopoldo López manteve o plano de manifestações, ainda que o governo tenha dito que ele não poderia fazê-lo e que será capturado.

O governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, procura afastar-se de López, mas mantém as críticas ao governo de Maduro. Em carta divulgada nessa segunda-feira (17), ele pediu que a Constituição do país seja respeitada e defendeu o diálogo como caminho.

“É o momento para que o governo mostre a vocação humanista que tanto proclama. Esperamos que o governo se retifique, que desarme grupos paramilitares e que cesse com a repressão e a tortura. Que aprove recursos para a compra de alimentos, remédios e papel para a impressão de jornais”, diz a carta.

Desde o início dos protestos, Capriles atribui parte da violência a grupos armados de civis, segundo ele, os coletivos socialistas apoiados pelo governo. Ele disse que respeita posições distintas (de outros opositores), mas que é preciso ter cautela e caminhar para “uma solução real”, em vez de criar “expectativas irreais e personalistas”.

O governo de Nicolás Maduro nega que existam coletivos armados envolvidos nas manifestações.