Unei Dom Bosco ensina informática, horticultura e até xadrez para recuperar internos

Envolvida constantemente em notícias sobre rebeliões, a Unei-Dom Bosco (Unidade Educacional de Internação Dom Bosco) abriu as portas para mostrar que não tem só problemas. Vários projetos sociais voltados à ressocialização do interno são desenvolvidos nos períodos de ‘calmaria’. Entre as principais atividades realizadas pelos jovens, a Unei destaca a frequência escolar, o esport…

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Envolvida constantemente em notícias sobre rebeliões, a Unei-Dom Bosco (Unidade Educacional de Internação Dom Bosco) abriu as portas para mostrar que não tem só problemas. Vários projetos sociais voltados à ressocialização do interno são desenvolvidos nos períodos de ‘calmaria’.

Entre as principais atividades realizadas pelos jovens, a Unei destaca a frequência escolar, o esporte, as artes, bem como os cursos de informática e de horticultura. Alem disso, há atividades de xadrez e passeios externos como, por exemplo, ao Museu Dom Bosco e ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres).

De acordo com o diretor da Unei, Jean Lesseski Gouveia, o que falta para os jovens terem mais oportunidades é acompanhar a família dos internos, realizando um trabalho de assistência social. “É preciso preparar a família deles para que sejam bem recebidos e não voltem a ter as mesmas influências do passado”, ressalta.

Lesseski acentua a existência do PIA (Plano Individual de Atendimento), que consiste em estabelecer metas individuais (e não coletivas) para cada indivíduo e acompanhar o cumprimento delas.

“Cada jovem que entra aqui passa por uma entrevista por todos os profissionais da nossa unidade. Há cada 3 meses cobramos por que eles não estão cumprindo as metas e, por incrível que pareça, os internos gostam dessa cobrança. Talvez porque não tinham isso em casa”, frisa.

Atividades

O principal objetivo das atividades oferecidas pela Unei é dar uma boa expectativa de vida para os internos. De acordo com o professor de manejo de horta, Carlos Cestrani, o interno que frequenta seu curso sai preparado para implantar uma horta para uso próprio, bem como para uso comercial.

“Se o jovem plantar um canteiro de alface, por exemplo, ele pode ganhar R$ 450 a cada 45 dias”, acentua o professor.

Nesse sentido, a professora de artes plásticas Lurdes Carmelo afirma que esse estímulo em atividades pode descobrir novos talentos. “Ensinamos eles a pintar telas e esculturas; a fazer mosaicos e artesanatos. Depois de pronto, tudo é exposto e vendido nas feiras”. Há exposições dessas obras, todos os anos, no Fórum de Campo Grande, na SED (Secretaria Estadual de Educação) e na Sejusp (Secretaria Estadual de Segurança Pública).

Histórias de vida e expectativa para o futuro

Embora tenham um olhar que demonstra um pouco de tristeza e arrependimento, os internos da Unei se mostram empolgados, mudando a expressão, quando são indagados sobre o que esperam fazer ao conquistarem a liberdade.

De acordo com jovem, J.S, de 18 anos, o curso de manejo de horta vai ajudá-lo a arrumar uma profissão. “Quando sair daqui quero plantar e ajudar minha família”. Este menino conta, arrependido, que participou de um assalto e foi preso pela polícia.

Já C.G, de 19 anos, afirma que pretende se especializar em informática para conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Ele frisa que foi acusado, injustamente, de ter cometido um homicídio, sem dar maiores detalhes.

Outro adolescente, que frequenta o ensino médio dentro da Unei, ressalta, com brilho nos olhos, que pretende cursar a faculdade de engenharia mecânica, após sair da instituição.

Estrutura

A Unei abriga, atualmente, 73 jovens de 12 a 21 anos. Destes, 9 são acusados de latrocínio; 30 por homicídio e 34 por roubo ou furtos.

Há uma divisão interna para separar os adolescentes, onde os critérios usados são a idade, a propensão física e a gravidade do ato infracional.

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