Um ano antes dos dez anos da morte de Helena Meirelles, documentário conta sua vida

Poucos meses antes de completar dez anos da morte da rainha da viola, Helena Meirelles, o público poderá se deliciar com mais um documentário sobre a vida da mulher que desafiou os costumes do século passado em nome do seu grande amor: a música. Helena Meirelles não foi uma mulher qualquer. Desajustada para a época, […]

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Poucos meses antes de completar dez anos da morte da rainha da viola, Helena Meirelles, o público poderá se deliciar com mais um documentário sobre a vida da mulher que desafiou os costumes do século passado em nome do seu grande amor: a música.

Helena Meirelles não foi uma mulher qualquer. Desajustada para a época, e até para os dias de hoje, ela era senhora de si e de seus desejos. Nunca se importou em fazer o que queria e por isso aos 15 anos saiu de casa para tocar viola.

Como não era comum uma mulher se apresentar naquele tempo, foi nos bordéis de beira de estrada que fez carreira. Por muito tempo, apenas frequentadores de prostíbulos tiveram acesso aos acordes que conquistaram o mundo e até Eric Clapton.

Foi por indicação dele que Helena ficou entre as cem instrumentistas que mais influenciaram o século passado. A votação da revista americana Guitar Play consagrou Helena para sempre, pena que a fama foi curta. Em 25 de setembro de 2005 Helena morreu, mas seu legado continuou encantando e fazendo história.

E é isso que o filme “Flor de Guavira: Vida e Obra de Helena Meirelles” pretende mostrar. Um dos idealizadores da obra, o jornalista Rogério Alexandre Zanetti, de 46 anos, conta que o documentário já está em processo de gravação e coleta de depoimentos daqueles que conviveram com a grande dama.

Um dos que mais estão ajudando no processo de pesquisa é o filho de Helena, Francisco Meirelles. Rogério lembra que ele acompanhava a mãe para tocar. “Ele era um dos músicos que a acompanhava sempre. Tem muitas histórias dela”, lembra.

Quem também se lembra de Helena é o músico e empresário Marcos Roker, de 41 anos. Envolvido no projeto do filme, ele revela que se divertia com o jeito debochado e ao mesmo tempo mandão da dama da viola. “Um dia fui tocar com ela e quando terminei falei que já iria pegar minhas coisas e ir embora. Na mesma hora ela olhou e falou: vai embora porra nenhuma. Vamos embucetar até de madrugada”, conta aos risos.

O jeitão extrovertido de Helena fez fama e até no programa da Hebe Camargo ela não perdoou. Roker se lembra do episódio em que Helena conseguiu desconsertar a grande mulher da televisão brasileira. “Dona Helena foi na Hebe e quando a apresentadora disse para ela sentar, na mesma hora Helena disparou: esse sofá não é daqueles que a gente afunda a bunda não. Porque se for não vou sentar”, revela.

Com seu jeito único Helena colecionou história, e todas estão sendo revistas pelos idealizadores do projeto e selecionadas para entrarem na obra. O cinegrafista e músico Marcos Vareiro, de 39 anos, conta que o grande cuidado ao separar o material e captar as imagens é que eles estão lidando com um mito, uma deusa da música e não uma pessoa qualquer.

“Temos muito cuidado ao captar as imagens. Ao selecionar o que vai entrar no filme. Para que tudo que colocarmos seja compatível com quem foi Helena Meirelles”, salienta.

O filme deve ser finalizado no máximo em 180 dias, a contar do dia 1⁰ de fevereiro, para cumprir as regras do FMIC (Fundo Municipal de Incentivo a Cultura). A previsão de estreia é entre junho e julho, cerca de dois meses antes do prazo final.

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