O primeiro-ministro do governo provisório da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, pediu neste sábado (1º) que a Rússia envie suas tropas mobilizadas no território da Crimeia de volta para as suas bases, pois seu deslocamento viola os acordos bilaterais. A Crimeia é uma região autônoma da Ucrânia cuja maioria é alinhada à Rússia.

Yatseniuk fez essa solicitação durante uma reunião do governo realizada hoje.”Pedimos que o governo russo e suas autoridades ordenem que suas tropas retornem para suas bases”, afirmou o chefe do novo governo ucraniano, nomeado na última quinta-feira (27).

Segundo o ministro da Defesa da Ucrânia, Igor Teniuj, a Rússia enviou 6.000 soldados e 30 blindados à península da Crimeia, o que constitui uma clara violação dos acordos bilaterais.

“Neste momento, a Federação Rússia aumentou suas tropas [na Crimeia] em 6.000 soldados… e também mobilizou fora de suas bases frequentes 30 blindados nessa região”, disse Teniuj durante a sessão do Conselho de Ministros.

Crimeia pede ajuda à Rússia e antecipa referendo

Enquanto o governo da Ucrânia pede a saída das tropas russas, o premiê da Crimeia, Sergei Aksionov, atua no sentido oposto e pediu ajuda neste sábado ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, para restabelecer a paz e a tranquilidade na região.

Aksionov fez este pedido em um comunicado, no qual anunciou sua decisão de pôr todas as forças de segurança da república autônoma sob seu controle pessoal, enquanto cresce a tensão entre as autoridades locais pró-Rússia e o novo poder ucraniano em Kiev.

Putin respondeu que não deixará de atender ao pedido de ajuda – o anúncio veio por meio de uma breve declaração divulgada pelas agências russas, que citam uma fonte do Kremlin.

A câmara baixa do Parlamento russo pediu, neste sábado, que Putin “proteja de todas as formas” a população da Crimeia “contra a arbitrariedade e a violência”, declarou o presidente da Casa, Serguei Narychkin.

Para aumentar ainda mais a tensão, o porta-voz do premier da Crimeia, anunciou hoje à AFP que o referendo sobre uma maior autonomia, inicialmente previsto para 25 de maio, foi adiantado para 30 de março.

O parlamento da Crimeia aprovou na última quinta-feira a celebração de um referendo para a obtenção de uma maior autonomia.