Após expulsar neste sábado (3) milicianos pró-Rússia de vários prédios públicos de Kramatorsk, tropas da Ucrânia estão prestes a retomar o controle da cidade, um dos redutos dos insurgentes na região mineradora de Donetsk, no leste da Ucrânia.

Tropas ucranianas cercaram Kramatorsk e Slaviansk, principal reduto das milícias pró-Rússia, segundo informou Arsen Avakov, ministro do Interior da Ucrânia, em sua página no Facebook. O ministro pediu para a população civil de ambas as localidades não saírem de suas casas.

“Apenas resistirmos na praça central. O restante foi tomado pela Guarda Nacional e o Setor de Direitas (organização ultranacionalista)”, disse um porta-voz dos rebeldes para a agência oficial russa RIA-Novosti.

De acordo com a imprensa local, forças leais a Kiev recuperaram o edifício do Serviço de Segurança e a torre de televisão de Kramatorsk, suspendendo as transmissões dos canais russos e voltando a exibir a programação ucraniana.

Mortes e combates

Segundo o Centro Antiterrorista da Ucrânia, cinco soldados teriam morrido na operação contra os insurgentes lançada na madrugada da sexta-feira (2) em Slaviansk, onde os rebeldes controlam vários prédios oficiais.

Fontes da insurgência informaram à agência russa Interfax que voltaram a ocorrem combates nas ruas de Kramatorsk, onde franco-atiradores militares estariam no telhado dos edifícios mais altos da cidade.

Autoridades ucranianas disseram que ao menos 42 pessoas foram mortas em combates entre apoiadores e oponentes da Rússia no sul da Ucrânia, que terminaram com diversos manifestantes pró-Rússia presos em um edifício em chamas.

O tumulto no porto de Odessa no Mar Negro, que acabou em em edifício sindical, foi de longe o pior incidente na Ucrânia desde levante em fevereiro que terminou com o presidente pró-Russo fugindo do país.

Após as mortes, o Kremlin acusou neste sábado (3) as autoridades ucranianas de “ter as mãos manchadas de sangue”. “As autoridades de Kiev não só são responsáveis diretos, mas são cúmplices diretos dessas ações criminosas. Têm as mãos manchadas de sangue”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, segundo agências locais.

Peskov denunciou que com a conivência de Kiev “os radicais e extremistas queimaram vivos gente absolutamente desarmada”, em alusão ao incêndio da Casa dos Sindicatos, no qual os serviços de emergência encontraram pelo menos 36 corpos.

Putin “expressa suas condolências aos familiares dos assassinados e queimados vivos em Odessa”, ressaltou o porta-voz, mas não haverá “condolências oficiais” para Kiev, já que Moscou não reconhece como legítimo o atual governo ucraniano.

O Kremlin garantiu que “Putin e a Rússia seguirão uma política encaminhada a reduzir a escalada de tensão” no sudeste do país vizinho.