Todo torto: cliente diz que garagista da Capital vendeu carro com problemas ‘ocultos’

O sonho de ter um carro completo, com direção hidráulica, ar-condicionado, farol de neblina, alarme, trava e tudo mais, se tornou pesadelo para o funcionário público Gilson Lemes de Paulo, de 39 anos. Após muito pensar e decidir trocar o Uno básico, pelo carro cheio de apetrechos, garante que o novo veículo tem problemas considerados […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O sonho de ter um carro completo, com direção hidráulica, ar-condicionado, farol de neblina, alarme, trava e tudo mais, se tornou pesadelo para o funcionário público Gilson Lemes de Paulo, de 39 anos. Após muito pensar e decidir trocar o Uno básico, pelo carro cheio de apetrechos, garante que o novo veículo tem problemas considerados ‘ocultos’, segundo ele.

Conforme Gilson, o Siena comprado em fevereiro deste ano em uma garagem na Avenida Manoel da Costa Lima era o sonho de consumo dele e da mulher, Cristiane Infran de Paulo. O veículo que custava R$ 20 mil foi financiado em 48 vezes de R$ 488,35, mais a entrada de R$ 7 mil, valor pago pela garagem pelo Uno antigo de Gilson.

Mas antes de curtirem o carrão os problemas começaram. Gilson conta que nos primeiros 7 dias que estava com o veículo percebeu que o carro ‘batia’ demais. Por ser um carro usado, do ano de 2007, ele disse acreditar que a situação fosse normal. “Percebi que o carro batia, mas achava que era algum probleminha simples, pelo tempo do carro, que eu facilmente resolveria”, diz.

Contudo, com o passar do tempo a ‘batedeira’ no carro aumentou, foi quando resolveu procurar um mecânico e ver o que estava acontecendo. “Quando comprei o carro não levei ao mecânico porque confiei na empresa. Não achei que tinha algum problema, o carro tava lindo, gostei muito dele. Mas aí com o carro cada vez batendo mais levei para ver o que era”, diz.

Para surpresa dele, o mecânico ficou espantado com a quantidade de remendos que o carro tinha e o aconselhou a procurar a vistoria do Detran. Segundo Gilson, o carro foi reprovado por não ser original e apresentar defeitos ‘ocultos’.

“As portas, vidros, laterais e traseira não são dele. O veículo é todo torto. Não tem peito de aço, o assoalho está enferrujado e apodrecendo. Não posso nem mandar lavar que fica cheirando podre. Fora que está com a caixa de direção solta, suspensão avariada. Já troquei pneu umas 5 vezes, e com um mês de rodagem fica todo no aço”, critica.

Ele conta que procurou a garagem para resolver o problema, mas não adiantou. A empresa alega, segundo ele, que também não sabia dos defeitos do carro e o contrato firmado entre eles é apenas para motor e câmbio. E o carro não apresentou defeitos nestes quesitos.

Sem acordo, ele foi ao Procon/MS (Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul) para buscar ajuda. A audiência foi marcada em junho, mas o garagista não compareceu a sessão.

Com os problemas do carro, também vieram os de saúde. Gilson conta que devido ao estresse causado com os problemas do veiculo, ele precisou ser medicado e afastado por 15 dias do serviço. “Fiquei doente por causa desse carro, de tão estressado que fiquei”, diz.

Ele diz que quer que o contrato de compra e venda seja cancelado e devolvido o dinheiro que ele pagou, além de que pede o cancelamento do financiamento ao banco. O caso está na Justiça.

Outro lado

Em contrapartida às acusações, Fernando Alves de Melo, de 31 anos, proprietário da garagem, diz que o consumidor passou a situação de vícios que são normais para a idade do carro, como alguns problemas com o motor de arranque, borrachas de porta, e outros probleminhas que foram solucionados, apesar de não estarem inclusos na garantia.

Ele diz achar estranho o carro ter sido reprovado na vistoria do Detran, já que o mesmo veículo passou por vistoria quando ele comprou. “O Detran averigua a parte de segurança do carro, número de motor, chassi, e a situação legal do veiculo. Então se foi reprovado foi alguns desses problemas, que não foram encontrados quando eu o levei para transferir para o meu nome”, diz.

Em relação aos defeitos apontados por Gilson, ele diz que não conhecia os problemas e que o comprador teve toda a liberdade para ir junto com um funcionário dele onde quisesse para verificar o carro antes da compra, o que não o fez. “Não sei qual é o problema já que consegui passar por todos os procedimentos do Detran para legalizá-lo aqui, já que comprei o veículo em Belém. Estava tudo legal, senão nem daria financiamento”, pondera.

Em relação à falta na audiência, Fernando explica que estava em viagem com a mulher a trabalho e não pode comparecer à sessão. Ele diz ainda que tentou ligar para se explicar, mas não foi atendido.

Procon

A advogada pública do Procon, Rosemeire Cecília da Costa, de 49 anos, explica que como a empresa não compareceu à audiência agora cabe ao órgão multá-la e o processo deve seguir na Justiça comum ou no Juizado Especial Cível, se a ação não ultrapassar 40 salários mínimos.

Conteúdos relacionados