Londres, Berlim, Paris e Madri enfrentaram nesta quarta-feira um dia de caos no trânsito por conta de um dos maiores protestos de motoristas de táxi contra o Uber, um serviço que permite às pessoas buscar caronas pelo celular.

Em Paris, as pessoas enfrentaram dificuldades entrar na cidade pela manhã, já que os táxis prejudicavam o trânsito nas principais vias da cidade. Em Londres, cerca de 12 mil taxistas planejam bloquear as ruas ao redor da Trafalgar Square, perto da residência oficial do primeiro-ministro David Cameron, durante a tarde (horário local).

Motoristas de taxi em toda a Europa dizem que aplicativos de companhias como a norte-americana Uber Technologies estão ferindo as regras do serviço de táxi na União Europeia e ameaçando suas fontes de renda.

A Uber, avaliada na semana passada em 18,2 bilhões de dólares, com apenas quatro anos de vida, e apoiada por investidores como Goldman Sachs e Google, argumenta que seu aplicativo homônimo respeita as regulamentações locais e que é alvo de protestos por causa de seu sucesso em conquistar clientes.

“Eles estão nos matando, nos deixando morrer de fome”, disse Mick Fitz, motorista de táxi em Londres há anos. Ele e outros taxistas alegam que a tecnologia da Uber é efetivamente um taxímetro e, assim, se contrapõe a uma lei britânica de 1998 que reserva o direito do uso dessa ferramenta aos taxis licenciados.

“Com o medidor deles, os aplicativos que usam, sua tecnologia, trata-se basicamente de taxímetros, os quais, por lei, apenas nós podemos usar”, disse Fitz à Reuters.

O Uber mexeu em um vespeiro na Europa ao deixar claro os riscos causados pelos avanços tecnológicos a uma das atividades econômicas mais visíveis do mundo.

Uma variedade de aplicativos para chamar táxis já ameaçava o tradicional modelo de cidades europeias como Londres, onde rígidas leis governam quais os tipos de carros podem parar na rua para pegar passageiros e quais carros precisam ter horário agendado.

O Uber vem se expandido rapidamente desde que foi lançado por dois empresários norte-americanos, Kalanick e Garrett Camp, e agora opera em 128 cidades em 37 paí.

“O que vemos hoje é um setor que não enfrentou concorrência por décadas. Agora estamos finalmente vendo concorrência de companhias como a Uber, que está trazendo escolhas para os clientes”, disse o gerente-geral regional da Uber para a Europa Ocidental, Pierre-Dimitri Gore-Coty.

Na França, os taxistas que estiveram em pé de guerra nos últimos meses com a concorrência crescente de empresas de aluguel de carros particulares iniciaram seu protesto nesta quarta-feira se juntando em grande número para reduzir o tráfego nas principais vias de acesso à capital.