O Talibã paquistanês assumiu nesta segunda-feira (9) a responsabilidade pelo ataque ao aeroporto mais movimentado do Paquistão, que viu homens armados disfarçados de guardas desencadear uma série de explosões que matou 28 em em aeroporto internacional de Karachi.

Segundo o Talibã, o ataque ao Aeroporto Internacional Jinnah em Karachi, capital da província de Sindh, foi uma vingança pela morte do líder do grupo em um ataque de drones liderado pelos EUA em novembro do ano passado.

A alegação diminuiu ainda mais as perspectivas de retomada das negociações de paz lideradas pelo governo com os extremistas. Essas conversas fracassarem nas últimas semanas e o Talibã cancelou cessar-fogo que eles haviam declarado nas negociações.

Desde então, tropas paquistanesas realizaram vários ataques aéreos no conturbado noroeste do país a fim de atingir os esconderijos dos militantes – e supostamente mataram dezenas deles. Moradores afirmam que vários civis também foram mortos nos ataques.

O atentado em Karachi começou na tarde de domingo (8), quando ao menos dez homens armados, alguns disfarçados de policiais, abriram fogo com metralhadoras e lança-foguetes, desencadeando um pesado tiroteio com a polícia. Todos os atiradores foram mortos, disse Rizwan Akhtar, chefe da elite paramilitar do Paquistão.

Troca de artilharia pesada e várias explosões foram ouvidas do terminal, enquanto militantes e forças de segurança lutavam pelo controle do aeroporto. Um incêndio de grandes proporções tomou conta do local, iluminando o céu noturno com um brilho laranja. Quando amanheceu, a fumaça ainda podiam ser vista. Autoridades desviaram voos de chegada e suspenderam todas as operações.

Um voo da companhia aérea Emirates em Karachi com destino a Dubai teve de ser cancelado e os passageiros foram escoltados para fora do avião por causa dos combates.

“Os passageiros e tripulantes desembarcaram da aeronave e foram levados para uma área segura do terminal”, disse porta-voz da empresa com sede em Dubai. Ele não disse quantos passageiros estavam a bordo.

A companhia aérea é de longe a maior do Oriente Médio e opera vários voos diários para Karachi e outras cidades paquistanesas. A empresa disse que o fechamento do aeroporto continuaria a afetar outros voos em Karachi. A empresa Etihad Airways, com sede em Abu Dhabi, informou nesta segunda que estava adiando seus voos para Karachi e que acompanharia a situação.

Segundo Akhtar, nenhum avião foi danificado durante o ataque, mas um prédio de carga ficou completamente destruído pelo fogo e as explosões. Pouco antes do amanhecer, as forças de segurança paquistanesas recuperaram o controle completo do aeroporto. Akhtar disse que alguns dos agressores parecia ser uzbeques, mas autoridades ainda estão investigando para determinar sua identidade e nacionalidade.

“Os terroristas entraram no terminal em dois grupos. Eles eram estrangeiros, alguns deles parecia ser uzbeques”, afirmou ele.

De acordo com o médico Seemi Jamali, do Hospital Jinnah de Karachi, 18 corpos foram levados para o necrotério, 11 deles eram do pessoal da segurança do aeroporto. Os corpos dos atacantes permaneceram sob custódia policial.

Alguns dos militantes usavam o uniforme da Força de Segurança do Aeroporto, disse um funcionário no local. O grupo usava coletes com explosivos, alguns dos quais acabaram sendo detonados quando eles foram alvejados pela polícia, disse o funcionário, falando sob condição de anonimato.

Canais de notícias locais informaram que tiros intermitentes ainda podiam ser ouvido na manhã desta segunda. Mas não ficou claro qual era a fonte dessa filmagem.

O Talibã e seus aliados estão ganhando cada vez mais posição em Karachi, a maior cidade do país e local de frequentes ataques de militantes no passado. A região é o centro econômico do país e qualquer atividade militante visando seu aeroporto provavelmente significaria um golpe pesado para o investimento estrangeiro no país.

Em maio de 2011, os militantes travaram um cerco de 18 horas em uma base naval em Karachi matando dez pessoas, ato que provocou profunda vergonha às forças armadas.