Um amigo da jornalista Carla Santos, 41, encontrada morta dentro de casa em Queluz, Portugal, disse que tanto ela quanto o irmão da vítima reclamavam do ex-marido da mulher, o português Moises Fonseca, 43, tido como suspeito do crime e com quem Carla tinha um filho de cinco anos.

O corpo da brasileira foi localizado com marcas de facadas dentro de uma banheira por uma empregada na última segunda-feira (3). Conforme a imprensa portuguesa, o ex-marido foi ouvido ainda na segunda pela polícia e negou ter participação no crime, sendo liberado em seguida. O homem disse ter passado todo o dia indicado como sendo o do assassinato com o filho. No entanto, ele foi preso na quinta-feira (6). O suspeito tem antecedentes de violência doméstica.

O jornalista Darlan Penido, amigo de infância da vítima, conta que a mulher nasceu no Rio de Janeiro, mas foi criada pelos pais, que são portugueses, em Belo Horizonte juntamente com um irmão. A família retornou para Portugal há 20 anos em razão de a mãe ter demonstrado muita preocupação com a violência no Brasil.

“Quando eu estive lá em maio do ano passado, o Marcelo [Santos, irmão de Carla] me descreveu o ex-marido de Carla como uma pessoa que não tinha amigos, muito fechado, estranho e que demonstrava uma relação de posse sobre ela. Ele tinha muito ciúmes dela”, afirmou Penido.

Segundo o amigo, o então marido da brasileira não permitia que ela saísse de casa nem mantivesse contato com amigos. Conforme o jornalista, Carla teria se separado do marido há um ano e meio, depois de uma convivência de aproximadamente quatro anos.

“O casamento deles foi marcado por muitas brigas. Quando Carla decidiu terminar, o então marido não concordou. Ela me relatou um episódio no qual ele a colocou dentro do carro, junto com o filho, e saiu em alta velocidade pelas ruas da cidade dizendo que iria matá-la junto com o filho”, declarou.

Ainda conforme Penido, a amiga lhe contou que após o episódio, os dois se separaram e ficaram com a guarda compartilhada da criança. O amigo disse ter se surpreendido com a notícia do assassinato da jornalista.

“Parecia que as coisas ficaram bem. Foi o que ela me relatou. Parecia que o ex-marido dela estava lidando bem com a nova situação. Eu não ouvi mais queixas dela”, disse.

A reportagem entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, e foi informado que o órgão não recebeu nenhum contato de familiares da jornalista, nem os consulados brasileiros em Portugal indicaram terem sido acionados pelos parentes dela. A assessoria informou que, caso a família necessite de algum auxílio, ela poderá entrar em contato com os consulados ou com a Divisão de Assistência Consular, em Brasília.

Irmão desaparecido

O jornalista Darlan Penido relatou que o empresário Marcelo Santos, irmão de Carla está desaparecido desde dezembro do ano passado. Segundo ele, a família não deu publicidade ao caso por ter achado à época que ele teria sido vítima de sequestro. “A Carla não me contou e eles mantiveram a história em sigilo”, disse.

Penido, que é editor de uma emissora de TV, está acompanhando o caso e produzindo matérias sobre o crime. “Segundo a imprensa, o ex-marido dela negou o crime e apresentou a versão de que teria passado o fim de semana com o filho. Esse foi o álibi que ele apresentou”, disse.

O jornalista ainda disse ter obtido informações de que o ex-marido seria suspeito do desaparecimento do irmão de Carla. “Ainda de acordo com a imprensa de Portugal, há indícios de que ele teria cometido um duplo homicídio com a ocultação do cadáver de Marcelo, mas a imprensa não diz quais são esses indícios. O que eles acham é que o ex-marido matou o Marcelo, ocultou o corpo dele e planejou a morte da Carla”, relatou.

Darlan Penido descreveu a jornalista e o irmão como pessoas “solidárias e alegres”. “Eram dois irmãos alegres. O Marcelo e a Carla sempre foram amigos solidários. Todo mundo se lembra dos dois pela alegria que eles tinham, bem-humorados e sempre sorridentes”, afirmou.