Aguinaldo de Oliveira da Silva Júnior, de 20 anos, que está desaparecido há 40 dias, juntamente com a namorada Amanda Kristina Galhardo, de 16 anos, foi dado como desertor do Exército. O casal sumiu na região do Taboco, distrito da cidade de Aquidauana, a 130 quilômetros de Campo Grande, desde o dia 24 de janeiro.

Pai do rapaz, Aguinaldo de Oliveira da Silva, conta que agora se não bastasse o fato de o filho estar desaparecido o Exército o deu como desertor. “Ele não abandonou o Exército. Ele está desaparecido. Isso que eles têm que entender”, relata, ao contar que na última semana o Exército avisou que o salário de Aguinaldo Jr. seria cortado por ele ser desertor.

“Não é pelo dinheiro, mas pela falta de consideração com ele”, diz o pedreiro de 42 anos.

Ele relata que o quartel abandonou as buscas e que somente o investigador da Polícia Civil Joel Severino da Silva continua atrás. “Não temos nenhuma pista. O quartel já deu meu filho como desertor. Muita falta de consideração com o guri, uma vida em jogo”, critica.

Para ele está errado colocar o filho como desertor, já que tudo foi registrado e documentado. “Tem boletim de ocorrência registrado. Tudo”, argumenta o pai, que afirma acreditar que o filho esteja vivo. “Tenho para mim que ele está vivo. Os dois eram praticamente meus filhos”, diz.

O caso

O casal desapareceu no dia 24 de janeiro e até agora nenhuma informação levou a alguma pista concreta sobre os dois. A família segue fazendo apelos por informações e também com as buscas na região do Taboco, distrito da cidade de Aquidauana, a 130 quilômetros de Campo Grande.

Aguinaldo e Amanda mantiveram o último contato com a família na data do desaparecimento. Era uma sexta-feira e eles deixaram Anastácio para ir, de moto, até a Fazenda Iguaçu, onde trabalha um tio dele.

Por volta das 15h, ainda de sexta-feira, o jovem ligou para a mãe avisando que o pneu da moto havia furado e que eles retornariam para Anastácio. No entanto, não apareceram e não fizeram mais nenhum contato.

As buscas

O investigador Joel Severino da Silva, do Núcleo de Inteligência Investigações e Capturas da Delegacia Regional de Policia de Aquidauana (NIC/DRP/A), responsável pelo caso, conta que não há nenhuma novidade. Ele diz que na última quinta-feira (27) foi a uma visita onde havia uma notícia que funcionário havia visto o casal pela região. Mas nada foi confirmado.

Ele lembra que aguarda a quebra de sigilo telefônico para tentar uma nova linha de investigação. “O que chega é sempre a mesma informação, mas de uma outra maneira. Todos foram ouvidos e não há nada que leve aos dois”, explica.

Segundo ele, a quebra do sigilo, que é dada pela Justiça, deve sair por esses dias, já que o pedido completou um mês na última semana.

“Espero ter uma informação diferente das trabalhadas até agora, que nos leve a algo para encontrá-los”, finaliza.

Qualquer informação sobre o paradeiro do casal poderá ser passada para a Polícia Militar através do 190 ou ainda para o Sr. Aguinaldo (9200-8304 e 9998-5999).

Outro lado

O Exército explicou que Aguinaldo de Oliveira da Silva Júnior foi dado como desertor porque a legislação das Forças Armadas coloca desta forma.

Segundo o coronel Luis Fernando Barbosa Ribeiro, a legislação pontua que se o jovem tivesse desaparecido enquanto estava de serviço, ou se deslocando para o serviço, a Lei do Exército o colocaria como ‘extraviado’.

Mas como ele desapareceu na folga, a legislação diz que após oito dias sem voltar para o trabalho é dado como desertor. “Após oito dias de ausência é considerado desertor. Até oitavo dia é ausente, depois é desertor. Se tivesse sumido em serviço teria dado como extraviado”, explica.

“A gente sente pelo pai dele, mas é a regra do Exército”, pondera.