Apesar de ter sido destituído, Viktor Yanukovitch afirmou que ainda se considera presidente da Ucrânia e chama de ilegítimas as decisões tomadas pelo Parlamento, segundo uma declaração enviada a agências de notícias russas.

O chefe de Estado destituído pediu ao governo da Rússia que garanta sua” segurança pessoal” ante os “extremistas”. Uma fonte do governo russo, citada por agências do país, afirmou que Moscou atendeu o pedido de Yanukovitch de garantir sua segurança pessoa em território russo, o que dá a entender que Yanukovitch está na Rússia.

“Visto que Yanukovich se dirigiu às autoridades russas para pedir que lhe garantam sua segurança pessoal, informamos que esse pedido foi satisfeito em território russo”, disse a fonte citada por agências locais.

Anteriormente, Moscou tinha negado que Yanukovich, sobre quem pesa uma ordem de busca e captura internacional, estivesse em território russo.

O ex-presidente permanece em paradeiro desconhecido desde sábado (22), quando tentou, sem sucesso, embarcar em um avião em Donetsk (leste do país).

Crimeia em estado de alerta

O ministro interino do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, ordenou nesta quinta-feira (27) que a polícia e as tropas subordinadas ao seu ministério que se encontram na república autônoma da Crimeia fiquem em estado de alerta, depois que um grupo armado tomou as sedes do Parlamento e do governo autônomo da região durante a madrugada.

“Foram colocados em estado de alerta todos os efetivos da polícia e as tropas do Interior”, escreveu Avakov em seu perfil do Facebook.

O responsável do Interior informou que as sedes do Parlamento e do governo da Crimeia em Simferopol, a capital da região autônoma, foram tomadas por um grupo de homens armados com fuzis automáticos e metralhadoras.

Acrescentou que os edifícios ocupados foram isolados pela polícia e que “serão tomadas outras medidas para impedir o desenvolvimento de ações extremistas e que a situação leve a um enfrentamento armado no centro da cidade”.

“Os provocadores estão agindo. É a hora de ter cabeça fria, de consolidar as forças sãs e de dar os passos precisos”, comentou Avakov.

A porta-voz do governo da Crimeia, Violetta Lisina, confirmou que durante a madrugada, por volta das 4h30 locais (23h30 de Brasília da quarta-feira), um grupo de cerca de 30 pessoas ocupou a sede do Executivo.

Os homens que tomaram a sede governamental, acrescentou Violetta, permitiram que os policiais que estavam no interior do edifício saíssem com suas armas.

A cidade de Simferopol foi cenário de manifestações pró-Ucrânia e pró-Rússia, que ocorreram nos arredores da sede do Parlamento autônomo, onde aconteceram alguns incidentes e uma pessoa morreu de um ataque cardíaco.

A península da Criméia, banhada pelo Mar Negro, conta com 2 milhões de habitantes, dos quais quase 60% são russos, 25% ucranianos e 12% tártaros.