Os indígenas que trabalham na área de saúde nas aldeias de Mato Grosso do Sul, e que ocuparam o prédio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) nesta quarta-feira (26), afirmam que não há condições adequadas para trabalhar nas aldeias. A enfermeira Indianara Kaiwá Ramires Machado, que atende na aldeia Bororó, em Dourados e relatou que a saúde indígena já vem sofrendo há tempos por causa da gestão. 

“Estamos sofrendo com a gestão inadequada para saúde indígena. Eles estão brincando com a gente. Estão faltando remédios básicos como dipirona e amoxicilina”, diz. Indianara afirma ainda que sabe que há recursos para saúde indígenas, mas não tem chegado à comunidade. “Não temos estruturas para trabalhar. Tem sala de posto de saúde de Dourados que está interditada, pois o teto pode cair”, acrescenta.

Pelo menos 50 representantes de diversas aldeias indígenas estão reunidos no prédio da Sesai. Há indígenas de Miranda, Aquidauana, Dourados, Dois Irmãos do Buriti, Nioaque, Sidrolândia e Amambaí

A agente de saúde Rosalina, que trabalha na Aldeia Jaguapiru, afirma que a saúde indígena está péssima e que não há condições de trabalhar dessa maneira. Segundo ela, até água encanada falta na aldeia. Ela diz que há tubulação, mas água não chega a água não chega à população.

Rosalina conta ainda que população indígena cobra dos agentes de saúde e enfermeiros, mas que não há como eles resolverem os problemas. “Já cheguei até comprar uma balança para ajudar, mas fica difícil tirar do nosso bolso para atender. Tiveram colegas que chegaram a pegar o material que a Sanesul joga fora para reaproveitar na comunidade”, diz.

Pelo menos 50 representante de diversas aldeias indígenas estão reunidos no prédio da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), localizada na Via Park, em Campo Grande. Eles invadiram o local desde o início da semana e reivindicam diversos acordos que não foram cumpridos.

Ocupação – Segundo o líder indígena Élcio, a motivação da ocupação é uma “quebra de acordo”. “Ele diz que no ano passado, lideranças, o Ministério Público Federal (MPF), e os representantes da Sesai e do secretário Nacional de Saúde se reuniram para falar sobre a precariedade nas aldeias. Uma série de reivindicações foram colocadas no papel, mas ainda não foram cumpridas.