Servidor de Dourados com HIV confirma ao menos 50 relações sem camisinha com jovens

O servidor municipal Jeferson Porto da Silva, de 33 anos, apontado por aliciar jovens em Dourados, município a 225 quilômetros ao sul de Campo Grande, que está preso desde domingo passado (19), confirmou em depoimento que teria mantido pelo menos 50 relações sexuais com adolescentes sem o uso de preservativo, mesmo sendo portador do vírus […]

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O servidor municipal Jeferson Porto da Silva, de 33 anos, apontado por aliciar jovens em Dourados, município a 225 quilômetros ao sul de Campo Grande, que está preso desde domingo passado (19), confirmou em depoimento que teria mantido pelo menos 50 relações sexuais com adolescentes sem o uso de preservativo, mesmo sendo portador do vírus HIV. A informação é da delegada responsável pelo caso da 1ª DP (Delegacia da Polícia Civil), Marina Lemos.

“Ele disse no depoimento que pelo menos uns 50 casos foram sem o uso de camisinha, mas que teria mantido ao menos 100 relações. Ele também disse que pegou o vírus de um namorado que só foi contar um ano após o término da relação”, explica a delegada a equipe do Dourados News. Ela também disse que no depoimento, o suspeito falou que sentiu raiva do companheiro quando soube da informação. “Ele relatou que em um momento de fúria, chegou a relatar que queria matar o ex-companheiro e eu questionei o porquê dele ter feito a mesma coisa com esses meninos. Aí ele respondeu que, ‘pois é, não sei por que fiz isso, que ironia, está fazendo o mesmo que fizeram comigo…’”.

A delegada já ouviu 12 pessoas que foram vítimas do servidor. Na tarde de segunda-feira (20), mais quatro depoimentos foram colhidos, inclusive de um rapaz de 20 anos que afirmou ter sido assediado pelo servidor municipal quando tinha 12 anos e foi aluno dele há oito anos, em uma escola da rede municipal de ensino. “Este depoimento expande ainda mais a possibilidade do total de vítimas passarem de centenas”, conta Marina.

Foi apurado pela Polícia Civil, que na época, o servidor era professor substituto de geografia, e que mais tarde, acabou sendo afastado do cargo.

Adolescentes ‘fogem’ de teste de HIV

Os adolescentes se mostram bastante envergonhados com a situação e com muito medo de fazer exame de HIV. “Eles estão constrangidos por causa de toda a situação e com medo de fazer o teste. Alguns choraram durante o depoimento e nenhum deles quer falar o que aconteceu na frente dos pais, que também estão bem transtornados”, explica a delegada.

O exame de HIV não é prova fundamental no inquérito, que deve ser fechado nesta sexta-feira (24). Conforme a delegada responsável pelo caso, independente do contágio dos adolescentes, o crime de perigo de contágio por doença venérea por si só já caracteriza o delito. “O suspeito assumiu o risco ao manter relações sexuais sem uso de preservativo e sem avisar que está infectado”, declara Marina.

Exame é sigiloso

Os adolescentes podem e devem procurar a unidade do programa de DST/Aids de Dourados onde serão submetidos a uma entrevista, que é de praxe, e ao exame, cujo resultado sai em 15 minutos. No entanto, eles precisam relatar o ocorrido e todas essas informações são mantidas em sigilo.

O paciente é encaminhado para acompanhamento no Serviço Ambulatorial Especializado com atendimento de uma equipe multidisciplinar formada por assistente social, psicólogo e médicos. O atendimento ocorre de segunda à sexta-feira, das 7 às 11 horas e das 13 às 17 horas. O telefone para mais esclarecimentos é o (67) 3423-9150 e o endereço é Rua dos Missionários, 420, no Jardim Caramuru.

Caso

Jeferson trabalhava no setor de RH (Recursos Humanos) da prefeitura de Dourados. Após dois meses de investigação, ele acabou preso apontado como aliciador de jovens e incentivá-los à prostituição. O suspeito utilizava um perfil falso no Facebook e também no aplicativo de conversas para celular ‘WhatsApp’, onde se passava por uma mulher chamada ‘Jessika Alessandra’.

Após atrair os adolescentes entre 14 e 16 anos, ele marcava encontros noturnos na casa dele, onde morava com a mãe, que é idosa. Quando chegavam lá e viam que não se tratava de uma mulher, os jovens eram convencidos pelo servidor a manter relações sexuais com ele mediante pagamento de R$ 30. Computadores e celular dele foram apreendidos com vídeos e fotografias.

Portador de HIV, Jeferson chegou a falsificar um exame clínico para convencer os jovens que questionavam a falta do uso de camisinha. Além de favorecimento à prostituição infantil, ele deve responder também por pedofilia, perigo de contágio venéreo, falsificação de documento particular e estupro de vulnerável, quando a vítima tem menos de 14 anos. O servidor deve ser transferido para a PHAC (Penitenciária de Segurança Máxima Harry Amorim Costa) até o fim desta semana.

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