Saga de neto que largou tudo para cuidar da avó vira livro

Nilva de Lourdes Aguzzoli completaria 80 anos em fevereiro deste ano, mas viveu apenas até dezembro. Morando em Porto Alegre e sofrendo do Mal de Alzheimer, no entanto, ela teve um final de vida alegre e agitado. Alegre, graças à dedicação do neto Fernando Aguzzoli Peres, 22 anos. E agitado porque ele decidiu dividir os […]

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Nilva de Lourdes Aguzzoli completaria 80 anos em fevereiro deste ano, mas viveu apenas até dezembro. Morando em Porto Alegre e sofrendo do Mal de Alzheimer, no entanto, ela teve um final de vida alegre e agitado. Alegre, graças à dedicação do neto Fernando Aguzzoli Peres, 22 anos. E agitado porque ele decidiu dividir os momentos de convivência com a avó com milhares de internautas no Facebook.

Para fazê-lo com a obstinação que o momento pedia, Peres tomou uma decisão corajosa: deu uma pausa na faculdade de Filosofia e no trabalho.

“Só assim, eu poderia retribuir o que ela havia feito por mim no passado. Quando fiz isso, optei por levar aquele momento com bom humor, já que não havia alternativa, pois o Mal de Alzheimer não tem cura. Resolvi compartilhar nosso cotidiano bem-humorado no Facebook, iniciando o projeto Vovó Nilva”, diz Peres, que agora se dedica à continuação dessa história, em livro: Quem, eu? deve chegar às prateleiras ainda neste semestre.

No Facebook, Vovó Nilva continua presente, com posts do neto dedicado. São 54 mil fãs da página, que hoje abriga conteúdos sobre o Mal de Alzheimer, serviços aos idosos, histórias de esperança e muitos memes da terceira idade. Há ainda passagens de Nilva e Peres juntos, principalmente diálogos cômicos, a grande sacada da página.

“O que aprendi com minha avó nesse período não há experiência ou graduação que compense”, diz ele. A dedicação, no entanto, também foi alvo de críticas: “Muitos me criticaram dizendo que ela já havia vivido sua vida e que eu estava recém iniciando a minha. Eu ficava bravo com esse tipo de comentário, pois dar as costas a minha avó seria o mesmo que dar as costas ao meu futuro ou mesmo o passado”.

Exemplo para outras famílias

“Vi que eu e minha avó podíamos, de alguma forma, servir como exemplo para muitas famílias. Divertíamo-nos muito gravando vídeos, tirando fotos e lendo os comentários. No período em que a vó esteve hospitalizada e veio a falecer, recebi milhares de mensagens de força e, sem dúvida, foi no que me apoiei para seguir em frente com o projeto”, diz Peres.

Hoje ele recebe mensagens que relatam uma mudança nos cuidados com idosos, a partir da página. “Gratificante por demais! Os internautas compartilham suas histórias, dão dicas, agradecem, perguntam… É um canal onde há uma troca de informação, mas também há um exemplo de relação que deve ser multiplicada no País”, explica o estudante, que ainda prepara um portal. “Pretendo mudar a forma como o brasileiro e o governo brasileiro veem o Alzheimer e, a partir do lançamento do livro, fomentarei a discussão sobre Alzheimer e o envelhecimento no Brasil.”

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