MOSCOU – A Rússia começou nesta sexta-feira a sentir o impacto das sanções econômicas impostas por Estados Unidos e União Europeia devido à anexação da Crimeia. Clientes de vários bancos russos não conseguiram usar cartões de crédito Visa e Mastercard para compras ou sacar dinheiro e o próprio ministro das Finanças, Anton Siluanov, admitiu o impacto negativo na economia.

– É possível que tenhamos que renunciar a pedir dinheiro emprestado no exterior e reduzir em parte nossos créditos internos – disse Siluanov, citado pela agência Ria-Novosti.

A primeira rodada de sanções não teve um impacto especial sobre a economia russa. Mas a segunda, anunciada na quinta-feira pelo presidente Barack Obama, teve efeitos mais claros. Visa e Mastercard cessaram de imediato os serviços de pagamento através dos bancos Rossiya, SMP e Investkapitalbank, incluídos na lista de Obama.

Putin anunciou que as autoridades ajudarão aos clientes desses bancos e que ele mesmo abrirá uma conta no Rossiya na segunda-feira.

O Rossiya é controlado por Yuri Kovalchuk, considerado por Washington como “o banqueiro da elite russa”. Os outros dois são comandados pelos irmãos Arkadi e Boris Rotenberg, amigos de Putin. Outro banco afetado é o Sobinbank, filial do Rossiya.
Putin freia retaliações

Mais cedo, o presidente Vladimir Putin havia indicado que não pretendia adotar mais retaliações às sanções do Ocidente. Em uma reunião de seu Conselho de Segurança Nacional, Putin ironizou as medidas anunciadas contra cidadão e instituições financeiras russas, mas quando o chanceler Sergey Lavrov disse que o Ministério de Relações Exteriores estava pronto a elaborar mais respostas às punições pela anexação da Crimeia, o presidente o interrompeu:

– Acho que, no momento, deveríamos evitar adotar medidas em resposta.

Horas antes, Putin havia assinado o tratado de anexação da Crimeia em uma cerimônia transmitida em rede nacional. A medida veio depois de o Conselho da Federação (a Câmara alta do Parlamento russo) ratificar nesta sexta-feira o tratado de incorporação, um dia depois da Câmara baixa, desafiando, assim, a comunidade internacional, que não reconhece o referendo separatista. Os senadores aprovaram por unanimidade o texto enviado por Putin, através do qual é anexada à Rússia a região que estava desde 1954 sob a jurisdição da Ucrânia.