Réus do mensalão já devem R$ 17,6 milhões para a União
Seis condenados no processo do mensalão foram considerados devedores da União pelo não pagamento de multa fixada como pena pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, as dívidas somam R$ 17,65 milhões. Os valores foram levantados pela Procuradoria – Geral da Fazenda Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda e […]
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Seis condenados no processo do mensalão foram considerados devedores da União pelo não pagamento de multa fixada como pena pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, as dívidas somam R$ 17,65 milhões. Os valores foram levantados pela Procuradoria – Geral da Fazenda Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda e responsável por cobrar quem deve aos cofres públicos.
Segundo o jornal, o prazo para o pagamento da multa acabou em janeiro e os valores iniciais foram corrigidos pela taxa básica de juros além de terem acréscimo de 20%, previsto em lei.
Entre os seis condenados está o operador do esquema Marcos Valério Souza, com o maior valor inscrito na dívida ativa: R$ 6,61 milhões. O advogado de Valério, porém, pediu que a multa fosse abatida dos bens bloqueados do empresário, mas o pedido não foi atendido pelo STF. A defesa pretende recorrer.
Valério tem, além da multa, outros 37 débitos inscritos da dívida da União, que ultrapassam R$ 307 milhões.
A União ainda cobra R$ 6,4 milhões do advogado e ex-sócio de Valério, Ramon Hollerbach. Entraram para a lista de devedores os ex-deputados Valdemar Costa Neto (R$ 1,9 milhão), Bispo Rodrigues (R$ 1,1 milhão) e José Borba (R$ 1 milhão), além do ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas, que parcelou a multa de R$ 523,9 mil e tem pago a dívida em dia.
Entre os não devedores da União estão os petistas José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha, que pagaram as multas após receberem doações de colaboradores. O restante dos sentenciados ainda negocia ou questiona o valor da multa na Justiça.
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio responderam ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles responderam por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) respondeu processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia incluía ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.
No dia 17 de dezembro de 2012, após mais de quatro meses de trabalho, os ministros do STF encerraram o julgamento do mensalão. Dos 37 réus, 25 foram condenados, entre eles Marcos Valério (40 anos e 2 meses), José Dirceu (10 anos e 10 meses), José Genoino (6 anos e 11 meses) e Delúbio Soares (8 anos e 11 meses).
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