Resistência do agronegócio à Marina teria pouco efeito

O agronegócio é a principal locomotiva do comércio exterior brasileiro, mas como eleitor tem poder limitado. Foi o que disseram ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, representantes do setor convidados a analisar a possível candidatura à Presidência da República pelo PSB da ex-senadora Marina Silva, no lugar de Eduardo Campos, […]

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O agronegócio é a principal locomotiva do comércio exterior brasileiro, mas como eleitor tem poder limitado. Foi o que disseram ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, representantes do setor convidados a analisar a possível candidatura à Presidência da República pelo PSB da ex-senadora Marina Silva, no lugar de Eduardo Campos, falecido na quarta-feira, 13. Para eles, uma posição do setor contrária à ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula teria pouco efeito sobre o eleitorado em geral. Outros ressaltam que a agricultura se modernizou e posições em defesa à sustentabilidade, que constam do discurso de Marina Silva, têm o apoio do segmento.

“O agronegócio é formado por meia dúzia de votos”, exagera o consultor econômico e sócio-diretor da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, lembrando que a agricultura de precisão e a mecanização do campo reduziu a mão-de-obra empregada, sobre a qual poderia haver influência em relação ao voto. Ainda segundo Daoud, empresários do setor “estão entendendo que a agricultura de sustentabilidade é muito importante para a comunidade internacional, que se recusa a comprar produtos brasileiros produzidos fora das normas ambientais”. De acordo com ele, a defesa do meio ambiente, que no passado provocou atritos entre Marina e o agronegócio, é algo hoje demandado pela sociedade e que os agricultores já assimilaram.

Opinião semelhante tem o presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), Ricardo Tomczyk. Para ele, “é fato que existe uma resistência do produtor quanto ao nome de Marina em função das questões ideológicas” por ela defendidas. Só que, ao contrário do que ocorreu no passado, hoje o cenário que se desenha é muito mais de diálogo do que embate caso ela assuma a chapa do PSB pela Presidência da República, ponderou Tomczyk. “Estamos com uma lei ambiental mais avançada e clara. Estamos com uma segurança jurídica muito mais estabilizada no campo”, afirmou.

Desde que ocupou o Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva enfrentou resistências no agronegócio, em especial durante a discussão do Código Florestal. Eduardo Campos defendia sua candidata a vice e buscava uma reaproximação. Durante sabatina na sede da CNA Confederação Nacional da Agricultura, no dia 6, ele criticou o “ambiente de desentendimento” a partir da oposição entre produção agrícola e sustentabilidade. “É uma agenda que parece que quem está no campo está derrubando Mata Atlântica e defendendo trabalho escravo e sendo contra a reforma agrária. Esse ambiente não é de futuro”, disse.

Na avaliação do presidente da Aprosoja, o próprio fato de Marina ter apoiado Campos mostra que houve, da parte dela, “abertura para dialogar com o setor”. “Não seria nem inteligente para o setor ter uma posição drástica de rompimento caso ela passe a ser candidata à Presidência. Não podemos abrir mão de nossas posições, mas temos de dialogar”, disse.

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