Reserva indígena é palco de 20% dos homicídios de Dourados em 2014

A reserva indígena de Dourados é palco de 20% dos homicídios de Dourados em 2014. No ano passado, haviam sido 14 registros deste tipo de crime, sendo apenas um deles envolvendo indígenas. Os dados são da Delegacia Regional da cidade. A reserva concentra uma das maiores comunidades indígenas do país (atualmente em torno de 13 […]

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A reserva indígena de Dourados é palco de 20% dos homicídios de Dourados em 2014. No ano passado, haviam sido 14 registros deste tipo de crime, sendo apenas um deles envolvendo indígenas. Os dados são da Delegacia Regional da cidade. A reserva concentra uma das maiores comunidades indígenas do país (atualmente em torno de 13 mil).

Conforme o delegado titular Antônio Carlos Videira, quando se considera a concentração populacional em um comparativo entre o município de Dourados e a Reserva Indígena – que está inserida dentro do contexto urbano – os números são significativos e preocupantes.

“São significantes proporcionalmente. O que observamos é que como as aldeias estão inseridas dentro do contexto urbano, a comunidade está mais suscetível aos benefícios e aos malefícios da cidade, sendo que eles [os indígenas] se encontram em uma condição de maior vulnerabilidade. Digo isso por causa da falta de estrutura ao qual estão submetidos”.

O caso mais recente foi o registrado na manhã de segunda-feira (21), quando o corpo do indígena Cezário Oliveira Quinhonha, 62, foi encontrado dentro de um poço na aldeia Bororó. Ele foi morto a facadas por uma adolescente de 16 anos e o irmão dela, Carlinhos Oliveira Lopes, 19, que teriam cometido o crime depois que Quinhonha teria tentado abusar sexualmente da jovem. (confira matéria clicando aqui)

De acordo com Videira, a grande maioria dos homicídios registrados nas aldeias são resultado da influência direta do uso excessivo de bebidas alcoólicas.

“Nas aldeias a maioria dos crimes envolve a bebida alcoólica, a qual qualquer pessoa tem acesso em qualquer lugar. É uma questão social que, de certo modo, não é problemática e trágica apenas no âmbito das aldeias, mas que tem um peso maior por causa da condição de vulnerabilidade da comunidade indígena. Geralmente o crime que envolve os indígenas é praticado por eles mesmos e por pessoas conviventes, e conhecidas, fruto do consumo excessivo de álcool”.

O trabalho de repressão e prevenção é complicado, segundo o delegado. Isso porque apesar da polícia estudar as causas dos crimes e tentar reprimi-los e prevenir novas ocorrências, a maioria acontece dentro de casa em contextos passionais. “Verificamos que os casos que no passado davam em crime de lesão corporal, este ano têm resultado em homicídio e tentativa de homicídio. A vida do próximo tem sido banalizada”.

Por fim, Videira avalia que o cenário precisa de um comprometimento social para que possa mudar, em um esforço conjunto com o papel que cabe à polícia. “A presença da Força Nacional tem nos ajudado bastante, assim como as ações das lideranças. Mas, eu acredito que é preciso uma tendência de comprometimento social de toda a população”, finalizou o delegado.

Mais dados

Dos 20 casos de homicídio registrados entre janeiro e abril de 2014, 14 já foram esclarecidos e seis permanecem sob investigação. Foram 17 vítimas do sexo masculino e três do sexo feminino.

A maioria dos crimes (oito casos) aconteceu nos domingos, no horário entre as 13h e 16h. Fevereiro foi o mês com o maior número de ocorrências do gênero registradas, com um total de onze dos 20 casos. Janeiro teve três casos e março seis.

Dos 14 homicídios registrados no mesmo período de 2013, oito foram esclarecidos e seis permanecem sob investigação. Em todos os meses do ano passado, foram registrados 55 homicídios, o que deu continuidade a redução gradativa dos últimos anos, já que em 2012 foram 57 e em 2011 foram 65 casos.

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