Religiosos discutem Quinta Gospel depois de Fundac proibir ‘tecnomacumba’ no evento

Depois que uma cantora ligada ao candomblé e umbanda não foi aceita entre os artistas que se apresentam no Projeto Quinta Gospel, realizado pela Fundac (Fundação Municipal de Cultura), a natureza do evento gerou polêmica entre vereadores e nas redes sociais. A diretora-presidente da Fundac, Juliana Zorzo, disse que a proposta da cantora, autora do […]

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Depois que uma cantora ligada ao candomblé e umbanda não foi aceita entre os artistas que se apresentam no Projeto Quinta Gospel, realizado pela Fundac (Fundação Municipal de Cultura), a natureza do evento gerou polêmica entre vereadores e nas redes sociais.

A diretora-presidente da Fundac, Juliana Zorzo, disse que a proposta da cantora, autora do álbum ‘Tecnomacumba’, não poderia fazer parte da Quinta Gospel. Segundo ofício enviado para a cantora, o trabalho dela ‘foge da proposta do evento, destinado ao público evangélico cristão’. Teve gente que discordou.

Segundo o dicionário Aurélio, a palavra gospel designa ‘canto da comunidade negra dos EUA, associado aos cultos evangélicos e à devoção popular, caracterizado por uma melodia e harmonia simples, mescladas com elementos de música folclórica e do blues’.

Já a professora de português Fabiane Martins acha que o sentido da palavra se expandiu. “Hoje em dia é utilizada como sinônimo de culto e se refere à parte religiosa”, assegura.

Praticantes dos cultos de origem africana aproveitam o episódio para reclamar do tratamento diferenciado. Para a presidente da Federação das Religiões de Matriz Africana de Mato Grosso do Sul, Zilá Dutra, a situação reflete ‘pura discriminação’. “Os vereadores têm que legislar para todos”, reclama.

Ainda segundo a presidente, o questionamento é se a Quinta Gospel é um projeto de cultura ou religioso. “Se é um evento cultural, porque não inserir outra cultura? Se é religioso, está errado, pois o Estado não pode bancar uma coisa para uma determinada religião apenas”, pontua.

Para o pastor Rogério Brandão, da Igreja Nova Jerusalém, no Bairro Coronel Antonino, o Projeto Quinta Gospel, da forma como foi concebido, traz referência e jargões utilizados em comunidades evangélicas e fica difícil desassociá-lo.

“Fica confuso, pois o projeto inspira movimentos evangélicos e não católicos ou carismáticos. Antes, então, a proposta deveria ser ecumênica, uma vez que se tem o uso de verba pública e estamos em um país laico”, ponderou.

O padre católico Roberto Claudiano, na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Campo Grande diz acreditar que a expressão ‘Gospel’ é vinculada à religião evangélica. “É mais utilizado no meio evangélico, entre os católicos a expressão é mais difícil de ser ouvida”, pontua.

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