Regime e oposição sírios discutem terrorismo em Genebra

O regime e a oposição sírios debatiam nesta quinta-feira, nas negociações realizadas em Genebra, a questão do terrorismo, que é motivo de acusações mútuas. Essas discussões acontece no momento da publicação pela organização Human Rights Watch (HRW) de um relatório acusando o regime do presidente Bashar al-Assad de demolir milhares de habitações nas regiões onde […]

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O regime e a oposição sírios debatiam nesta quinta-feira, nas negociações realizadas em Genebra, a questão do terrorismo, que é motivo de acusações mútuas.

Essas discussões acontece no momento da publicação pela organização Human Rights Watch (HRW) de um relatório acusando o regime do presidente Bashar al-Assad de demolir milhares de habitações nas regiões onde a população apoia a oposição em Damasco e Hama (centro) como “punição coletiva”.

No sexto dia das negociações na presença do mediador Lakhdar Brahimi, as duas delegações respeitaram um minuto de silêncio em memória dos “mártires” da guerra na Síria.

O poder em Damasco, que chama os rebeldes de “terroristas” apoiados pela Arábia Saudita, insiste que a prioridade das discussões em Genebra deve ser a questão do terrorismo, enquanto para a oposição, discutir a transição do poder na Síria é essencial.

Por fim, “as duas delegações discutiram a violência e a luta contra o terrorismo, já que esta cláusula forma parte de Genebra I”, afirmou à AFP uma fonte da oposição.

A conferência de Genebra I, cujo comunicado final foi assinado em 2012 pelas grandes potências, está na origem das negociações que as duas partes beligerantes na Síria realizam atualmente nesta cidade suíça, depois de quase três anos de uma guerra que deixou mais de 130.000 mortos e mais de nove milhões de deslocados e refugiados.

O documento prevê o fim da “violência de todas as formas” e a formação de um governo de transição, embora não mencione o futuro do presidente sírio, Bashar al-Assad.

“O regime quer falar de terrorismo. Os barris de explosivo são terrorismo. Deixar a população morrer de fome é terrorismo, a tortura e a prisão, são terrorismo”, declarou a oposição, que apresentou um dossiê sobre os crimes cometidos pelo governo.

“O maior terrorista na Síria é Bashar al-Assad”, insistiu a delegação da oposição.

Por sua vez, representantes do regime apresentaram um comunicado, no qual pedem o “fim do financiamento, armamento e treinamento de terroristas”.

“Combater as organizações terroristas e expulsá-las da Síria é o dever de todo sírio”, afirma o comunicado.

Luai Safi, membro da oposição, afirmou que a sua delegação rejeita este comunicado “inaceitável e unilateral” do regime porque não inclui o Hezbollah xiita libanês, que combate ao lado do exército, entre os grupos terroristas.

Ele lembrou que os rebeldes também têm combatido os jihadistas extremistas, enquanto Damasco não faz distinção entre os dois grupos.

Fayçal Moqdad, vice-ministro das Relações Exteriores, defendeu o aliado do regime, afirmando que o Hezbollah é um partido que “tem as mãos limpas” e que é “Riad que mobiliza os terroristas e que mata os sírios inocentes”.

Regime ordena punição coletiva

A organização Human Rights Watch denunciou nesta quinta que o governo sírio demoliu milhares de habitações nas regiões onde a população apoia a oposição em Damasco e Hama (centro) como “punição coletiva”.

A organização acusa o poder de “riscar do mapa bairros inteiros”.

Esta organização de defesa dos direitos Humanos documentou dois casos em Hama e cinco nos arredores de Damasco entre julho de 2012 e julho de 2013, utilizando imagens por satélite.

Ela calcula que 140 hectares, o equivalente a 200 campos de futebol, foram destruídos.

Em Wadi al-Joz, um bairro de Hama, as imagens de satélite mostram em abril de 2013 uma série de habitações entre duas ruas, que um mês após aparecem apenas espaços em branco.

Segundo a organização, todos os locais atingidos aderiram à rebelião, e é difícil de acreditar na justificativa do governo, segundo a qual faz parte de um plano de restruturação urbanística.

Enquanto que, paralelamente às negociações políticas, a questão humanitária não avança em Genebra, o Crescente Vermelho Sírio pediu a todas as partes em conflito que assegure o acesso “sem entraves” dos comboios de ajuda em todas as regiões do país.

Um comboio de ajuda alimentar conseguiu entrar nesta quinta-feira no campo de refugiados palestinos de Yarmuk, cujo cerco pelo exército desde junho de 2013 causou a morte de mais de 80 pessoas, anunciaram uma agência da ONU e a de notícias Sana.

Mais de 130.000 pessoas morreram desde o início do conflito, há quase três anos, e milhões de outras precisaram se deslocar ou procurar refúgio em países vizinhos.

Neste contexto, o secretário de Estado de Defesa americano, Chuck Hagel, expressou nesta quinta-feira a preocupação de seu país ante o fato de que a Síria somente retirou de seu território menos de 5% de seu arsenal químico.

E, no campo de batalha, onze pessoas, entre elas duas mulheres e três crianças, morreram nesta quinta atingidos por barris de explosivos lançados pelo exército na cidade rebelde de Daraya, perto de Damasco.

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