A quatro meses da Copa do Mundo, uma nova polêmica promete balançar as relações entre a Fifa e as cidades-sede. A Prefeitura de Recife foi a primeira das 12 cidades a confirmar oficialmente que não vai pagar pelos custos da Fan Fest, evento aberto ao público durante a Copa previsto para locais centrais e cujas despesas de organização correm por conta dos municípios, com ajuda parcial da Fifa.

Em entrevista coletiva na última sexta-feira (14), o de Recife, Geraldo Julio (), e o secretário de Esportes e Copa do Mundo, George Braga, disseram que não há recursos para a organização do evento, que conta com shows e transmissão de jogos. Orçada inicialmente em R$ 20 milhões, a festa já tinha tido custo reduzido para R$ 11 milhões.

A decisão ocorre após a administração da capital pernambucana saber que em São Paulo e no Rio havia negociações para que empresas privadas arcassem com os custos.

“É uma decisão serena, tomada após um longo processo de reflexão e negociações. A imprensa nacional divulgou que a iniciativa privada bancaria o evento em outras cidades, como o Rio de Janeiro e São Paulo, e queremos tratamento igual. Não é uma questão de usar a verba em outras prioridades. É que não temos a verba”, disse Braga.

O secretário explica que foi apresentado um projeto para os patrocinadores oficiais da Fan Fest (Coca-Cola, Sony, Budweiser, Johnson & Johnson, Itaú, Oi, Hiundai e Kia Motors) oferecendo mais espaço publicitário em troca de aportes que cobrissem todos os custos.

“Apresentamos um plano de direitos adicionais para os patrocinadores do evento, para captar mais recursos privados, mas nenhum deu retorno”, afirmou.
Em entrevista à BBC Brasil, a Secretaria de Esportes e Copa de Recife deixou claro que neste momento não pretende lançar editais públicos abrindo concorrência para patrocinadores interessados e que, se não houver financiamento privado, tem um plano B.

“Vamos negociar com a Fifa o direito de transmissão dos jogos para exibir as partidas em telões distribuídos pela festa de São João da cidade, que reúne milhares de pessoas. Já há uma estrutura, é uma festividade tradicional, que acontecerá ao mesmo tempo que a Copa. Dessa forma a população poderia assistir aos jogos”, diz o governo.

Em 2013, o público total da festa, que aconteceu de 6 a 29 de junho, foi de 1,5 milhão de pessoas. Houve 11 arraiais oficiais e outros 47 apoiados pela Prefeitura.A prefeitura diz que não é contrária à realização do evento e que se responsabiliza por segurança, apoio logístico e controle de tráfego, mas não pode arcar com as outras despesas.