O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), entrou com uma representação nesta terça-feira na Procuradoria Geral da República (PGR) na qual tenta obter o ressarcimento aos cofres públicos do valor gasto com a estadia da presidente Dilma Rousseff e sua comitiva em Lisboa, no último sábado. O deputado também pediu que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República apure a conduta de Dilma pela “ostentação supérflua” na parada em Portugal.

No domingo, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou que Dilma e a comitiva que a acompanhava no Fórum Econômico de Davos, na Suíça, passou o sábado em Lisboa sem divulgar a estadia em agenda oficial. Ela se hospedou no hotel Ritz, um dos mais caros da capital portuguesa, cuja estadia na suíte presidencial tem custo estimado em cerca de R$ 26 mil. O resto da comitiva teria ficado em dois hotéis, ocupando 45 quartos.

“Nós representamos na PGR visando ao ressarcimento do gasto desnecessário havido na hospedagem da presidenta Dilma e de sua comitiva em Lisboa. Não faz o menor sentido para esse gasto inaceitável porque não tinha uma agenda oficial em Lisboa e nenhum interesse público de justificar o que aconteceu”, disse o deputado.

Em nota, a Presidência da República informou que a decisão de parar em Lisboa foi tomada porque o avião presidencial – um Airbus A319 – não teria autonomia de voo para ir da Suíça a Cuba, próximo destino de Dilma. Hoje, no entanto, o Estado de S. Paulo informou que Portugal já dava a viagem de Dilma confirmada desde quinta-feira. Por esse motivo, Sampaio também pediu a apuração do crime de falsidade ideológica supostamente cometido pela ministra Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação Social.

“Houve uma sucessão de mentiras, todas elas a verificar a primeira mentira. Ministros de Estado mentiram sobre a parada em Lisboa. Se disse que parou no sábado por uma questão técnica, o que já não tinha cabimento”, afirmou Sampaio. “O Aerolula (Airbus comprado no primeiro mandato do ex-presidente Lula) todos sabem, tem sala de estar, cama de casal. A presidente poderia ter descansado no próprio avião, durante a parada técnica”, acrescentou.

Na representação junto à PGR, o PSDB pede também a investigação de atos de improbidade do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel; do ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado; do assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia; do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito; e do minitro-chefe de Segurança Institucional, José Elito Carvalho Siqueira.

O PPS – que também integra a oposição – já havia ingressado com pedido semelhante para investigar a viagem na segunda-feira.