Projeto une skate e palavra de Deus e atrai jovens que não queriam saber de igreja

Chegar a uma igreja e ver 200, 300 adolescentes vestidos com calças largas, camisetas e bonés de aba reta rezando não é uma cena muito comum. A não ser se você estiver participando da Quinta Top, projeto da Igreja Assembleia de Deus das Missões, do Bairro Moreninhas III. O projeto que surgiu de outro projeto […]

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Chegar a uma igreja e ver 200, 300 adolescentes vestidos com calças largas, camisetas e bonés de aba reta rezando não é uma cena muito comum. A não ser se você estiver participando da Quinta Top, projeto da Igreja Assembleia de Deus das Missões, do Bairro Moreninhas III.

O projeto que surgiu de outro projeto da igreja, o ‘Skate Foco – Deus no controle de tudo’ – é sucesso geral e traz toda semana centenas e centenas de jovens para a igreja. Líder dos adolescentes, há 3 anos, Gilson Natis, de 34 anos, conta que tudo começou devagarzinho e quando viu o projeto era tão grande que precisou crescer. “Começamos com poucos jovens, um trouxe mais um, outro trouxe mais dois, quando vimos a igreja estava cheia de jovens”, conta.

A estratégia para levar os jovens para a igreja é simples: falar a língua deles. Gilson conta que percebeu que muitos jovens do bairro gostavam de andar de skate. Estes mesmos jovens, muitas vezes, estavam envolvidos com bebidas, álcool e até mesmo drogas. Mas em vez de recriminá-los, eles foram buscar esses jovens, levá-los para dentro da igreja e incentivá-los a fazer o que mais gostam: manobras e street (andar na rua).

“Nós fomos buscar parcerias e incentivar esses jovens”, conta Gílson. Hoje o grupo ‘Skate Foco – Deus no controle de tudo’ tem patrocínio da Loja Toys Skate e recebem todo mês peças e artigos referentes ao mundo dos meninos. Tudo que eles ganham vai para sorteio ou é dado de presente àquele jovem que mais contribui com o grupo. “Algumas coisas a gente sorteia, outras eu entrego para quem merece. Como prêmio pela dedicação”, conta.

Ao perguntarmos quem já ganhou alguma coisa não faltaram mãos erguidas para cima. O que prova que o incentivo tem funcionado. Outra medida foi fazer uma camiseta do grupo, como um uniforme, para identificar os ‘skatistas da igreja’.

Mudança de comportamento

Um dos adolescentes chegou a contar que antes de entrar na igreja estava envolvido com pichação. Hoje deixou a prática de lado e prefere fazer trabalhos mais artísticos, como o grafite, e sempre com autorização. “Hoje não picho mais. E quando fazemos algum trabalho com grafite pedimos permissão”, diz.

Esta é uma das mensagens que a igreja quer passar, conta o pastor Gilmar Tavares Flor, de 49 anos. “Queremos mostrar aos jovens a palavra de Deus, e ao mesmo tempo ensinar. Muitos deles têm problemas familiares, não receberam o que precisavam e o reflexo é na sociedade. Se dermos o suporte que eles precisam por si só vão entender o caminho certo”, diz.

O estudante Luiz Daniel, de 16 anos, conta que um dos pontos que o fez se manter na igreja é este cuidado que o pastor e o líder dos jovens têm com eles. “Esse carinho, essa preocupação, eu não tinha na minha igreja anterior. Quando estou mal eles vêm conversam comigo, realmente se preocupam”, diz.

Mas apesar do apoio, o preconceito ainda existe. Os meninos contam que mesmo tendo total respaldo na igreja os olhares atravessados ainda existem. “O preconceito sempre vai existir. De tempos em tempos a gente tem que enfrentar”, diz Lucas Alencar, de 17 anos.

Nada que seja empecilho para esses jovens e o líder deles continuar trabalhando. Gilson diz que dos cerca de 100 garotos que andam de skate pelo bairro, pelo menos, uns 70 já estão no grupo e agora estão focados com Deus no controle.

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